Estrelas são imagens recorrentes na poesia de Carlos de Oliveira, constituindo uma chave de leitura para o seu projeto poético e político: são contraponto, resistência, construto utópico que se impõe diante (ou dentro) da “noite” salazarista: símile da própria escritura. Aprofundando esta reflexão e relacionando as estrelas-signo do poeta português aos igualmente obsedantes astros do universo poético de Mallarmé, aos céus da pintura de Magritte e às reflexões de Jean-Luc Nancy, Maurice Blanchot e Jacques Rancière, buscamos reconhecer as representações do céu estrelado como imagens conceituais, autorreflexivas, alegorias da imagem poética: céu decaído, dessacralizado, inscrito ao rés-da-página – des-astre. Nesta perspectiva, a imagem poética e a superfície da página do poema se revelam, por sua construção mesma, atos políticos de desafio a todo determinismo de forma e significação, a classificações e hierarquizações, à submissão a modelos e poderes soberanos. ---DOI: http://dx.doi.org/10.22409/gragoata.2018n45a1062.
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