Abstract

O poeta português, em sua produção literária, experimentou algo até então inexplorado: viver poeticamente em um mundo identitário multíplice, onde cada voz e cada texto correspondente caracterizam-se como únicos, apesar das proximidades que se possam verificar entre essas identidades criativas. No Livro do Desassossego, Fernando Pessoa, embora pela voz de um semi-heterônimo (Bernardo Soares), explica poeticamente o processo da despersonalização, isto é, conferir sensações, emoções e reflexões a diferentes personalidades, com estilos próprios e genuínos. Pessoa é, assim, o lugar onde todos os eus que ele engendra sentem e registram suas próprias sensações. Ele é um artífice, cuja identidade se adere, por extensão ou contraposição, ao artifício produzido. Este ensaio propõe pensar que a voz soariana presente no Livro do Desassossego corresponde ao exercício identitário da escritura-processo pessoana que se caracteriza pelo desdobramento e pelo consequente estilhaçamento que multiplica, marcado pela heteronímia. Essa mobilidade é justamente o que possibilita a disseminação – que se concretiza, especialmente, na fragmentação emergente da prosa poética, na pulverização da voz e no esfacelamento do sujeito enunciador.

Highlights

  • Resumo: O poeta português, em sua produção literária, experimentou algo até então inexplorado: viver poeticamente em um mundo identitário multíplice, onde cada voz e cada texto correspondente caracterizam-se como únicos, apesar das proximidades que se possam verificar entre essas identidades criativas.

  • Fernando Pessoa é – porque se permitiu ser Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, entre tantos outros.

  • Exprimir o mundo por diferentes olhares e vozes, das quais aqui nos interessam, especialmente, o semi-heterônimo Bernardo Soares, que assina o Livro do desassossego, e o heterônimo Álvaro de Campos, sobretudo o da segunda fase – “Sou quem falhei ser.

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Summary

Introduction

Resumo: O poeta português, em sua produção literária, experimentou algo até então inexplorado: viver poeticamente em um mundo identitário multíplice, onde cada voz e cada texto correspondente caracterizam-se como únicos, apesar das proximidades que se possam verificar entre essas identidades criativas. Fernando Pessoa é – porque se permitiu ser Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, Bernardo Soares, entre tantos outros.

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