Com este artigo, homenageamos a memória do professor, orientador e amigo Paulo Mosânio Teixeira Duarte, cuja presença inspiradora constituía-se sempre, nos mais variados ambientes, da academia à mesa de bar, promessa de felicidade para quem buscava bons e elevados papos, conduzidos pela potência e espontaneidade de uma gaia(ta) ciência, própria do cearense culto que, no caso dele, não se levava excessivamente a sério nem deixava a máscara social colar-se à cara. Vocacionado por “onde nem tempo nem espaço” a refletir sobre o mistério da vida e os seus sentidos, o mestre era ponta de lança aferindo, e aferindo-se, entre bem-humorado e colérico, a vida como experiência filosófica. O texto que aqui apresento é parte da glosa de um mote sugerido por ele para o meu mestrado na UFC: função poética e motivação semântica. Havia o mestre proposto o tema “o estatuto da locução em língua portuguesa” para minha dissertação. Imaginei-me especialista no assunto atravessando a vida acadêmica e desanimei. Queria algo mais estimulante. Então, ele propôs uma pesquisa sobre a função poética e a motivação semântica. Acatei, sem deixar, no entanto, de ajustar o foco prático da pesquisa para a produção poético-cancional de um artista brasileiro pelo qual nutro respeito, admiração e amor: Caetano Veloso. É nesse espírito, portanto, isto é, num misto de saber e sabor, que daremos curso à sugestão de que existe certa similaridade entre as funções metalinguística e poética, sugestão encampada por Jakobson (s/d), desenvolvida por Lopes (s/d) e partilhada pelo mestre Paulo Mosânio. Antes, porém, faremos remissão a outros autores que vislumbraram a aproximação para, no final do artigo, fornecer uma síntese comparativa entre eles.