Historical Temporality Research Articles

Uma interpretação analítica da organização escolar da Matemática durante a Primeira República Brasileira

O texto tem por objetivo expor a organização do ensino de matemática durante a Primeira República Brasileira. Trata-se de uma pesquisa de cunho qualitativo, desenvolvida na abordagem fenomenológica, guiada pelos procedimentos da hermenêutica gadameriana que analisa a legislação escolar, visando a expor e discutir os modos pelos quais matemática se faz presente. O período estudado é contextualizado historicamente, tendo em vista compreender concepções de ciência, de matemática e de educação/ensino que estão no solo que sustenta a legislação focada. São evidenciados os principais marcos legais e o que estes dizem sobre a instrução pública. Por último, é dado enfoque aos modos pelos quais o ensino de matemática está organizado no contexto educacional, evidenciando as concepções de ciência e de educação/ensino copresentes no momento histórico em que os documentos sob investigação foram editados. A inserção dos estudos que expõem essas compreensões é característico de um trabalho hermenêutico que tira da zona de obscuridade ideias não expostas em textos e contextos, o que contribui para a criação algumas concepções ao longo da temporalidade histórica da educação neste país.

Robust Evolution in Historical Time

The normalized, deterministic conception of evolution espoused by Dennett is increasingly being challenged by theorists who, following Gould, emphasize the role that historical contingencies play in it. I explore the conflict between these views and argue that correcting our understanding of the relationship between nature’s systematic necessities and historical temporality can resolve it. The mathematically precise laws science formulates describe the systematic patterns of nature abstractly and, as abstractions, these laws do not preclude but allow for the contingencies of historical time. Drawing on Heidegger and Hume, I argue that historical time is characterized by the ingression of the unprecedented future into the present. This is the ontological infrastructure that makes the evolution of unprecedented ontological alterities possible.

Da ocultação à memória difratada: a escrita da resiliência em Palavras cruzadas, de Guiomar de Grammont

Resumo Neste artigo, pretende-se discutir o percurso de resiliência em face do trauma histórico através da leitura de Palavras cruzadas (2015), de Guiomar de Grammont. O romance exuma as sombras e os fantasmas clandestinos da Guerrilha do Araguaia não só para subtraí-los ao silêncio do esquecimento como para restaurá-los na memória individual e coletiva. Alternando vozes narrativas e tempos históricos diferenciados, perpassa a narrativa a convicção de que o passado que não passa hipoteca o trabalho do luto e criva o presente de culpabilidades não resolvidas. A busca empreendida pela irmã do desaparecido para exorcizar a dor reinveste o percurso deste até o interior da fortaleza verde, flagrando seu ideal utópico face às contradições da luta armada e ao destino trágico dos guerrilheiros.

Ethical Inclinations

In this article I take up the image of inclination developed by Adriana Cavarero in her book, Inclinations: A Critique of Rectitude as a mode of developing an account of history informed by an ontology of heterogeneous ethics. Clarifying the potential of inclination contra the Kantian figure of “uprightness,” the principle task of this article is to reimagine the implications of inclination with regard to Walter Benjamin’s theses on history. Ultimately, I show that by pushing at the relationality inherent to an inclined ontology of the self a meaningful exchange can be generated between plural historical temporalities, a move that reveals the inclined figure’s potential to redeem narratives of the historically dispossessed.

“A Bright Continuous Flow”: Phantasmagoria and History in A Tale of Two Cities

This essay explores how Charles Dickens's representation of history in A Tale of Two Cities (1859), his historical novel of the French Revolution, is influenced by the Phantasmagoria. The Phantasmagoria was an optical ghost show popularized in Paris in the 1790s by the showman Etienne Gaspard Robertson. Using a hidden magic lantern in a pitch-dark room, Robertson projected images of ghosts and skeletons as well as historical personages from the French Revolution. Drawing on Dickens's own writings on the Phantasmagoria, the essay argues that Dickens's approach to historical fiction is informed by the Phantasmagoria's medium-specific effects and its cultural association with history and historical memory. Specifically, Dickens's turn to a dialectic of continuity and discontinuity to represent historical temporality is influenced by the dialectical visual effects of the Phantasmagoria and related mid-nineteenth-century optical technologies. A Tale of Two Cities has always resisted the dialectical-materialist paradigm for the nineteenth-century historical novel first developed by Georg Lukács and more recently elaborated by Fredric Jameson. By employing a media archaeological framework, this essay offers a revitalized approach to Dickens's historical representation that contextualizes it within nineteenth-century theories and discourses of optical perception.

Old News in the New Era: Temporal Misalignments and Wounded History in Rehana Rossouw’s New Times

Drawing on the work of Elizabeth Freeman (2010), this study offers a contribution to the South African literary debate over historical progress and irregular temporalities by proposing an analysis of time and embodiment in Rehana Rossouw’s second novel New Times (2017). The book, all centred around the themes of betrayal versus remembrance, tells the story of Ali, a young journalist trying to heal secret wounds in the year after South Africa’s first democratic elections. While her identity is continuously questioned because of her male nickname, mixed slave heritage and uncertain sexuality, Ali starts her new job for the aptly-titled The New Times by uncovering the new government’s first signs of corruption and blindness towards the AIDS plague. By investigating what is left of the colonial in the supposedly postcolonial era, Rossouw’s novel offers a fresh addition to the strand of South African literature that dares to deconstruct the myth of Mandela and of Liberation Day, calling for a deeper understanding of the often fractured temporalities of political change.

Colonialidade do saber e conflitos de memórias no espaço público

A colonialidade do poder e do saber pode transcender a relação da Europa com os países colonizados, passando a se constituir como um padrão de relações reproduzido em diversos sistemas políticos. O eurocentrismo é uma perspectiva cognitiva-epistêmica não exclusiva dos europeus e nem do período colonial, pertencendo também aos que tenham sido educados pela sua hegemonia. Este relato de pesquisa tem por objetivo abordar a concepção e organização de um Memorial em uma comunidade quilombola, observando-se o processo de construção da memória coletiva em torno de um mito fundacional de origem. Na metodologia seguiu-se a abordagem qualitativa utilizando o método da história oral. Os dados foram analisados por meio da análise de conteúdo temática valendo-se do software Atlas Ti na codificação, categorização e monitoração da produção de sentidos. Observa-se que durante a construção do Memorial determinados grupos sociais dominantes utilizam o poder simbólico, social e político para fazer prevalecer sua representação de passado numa perspectiva epistemológica eurocêntrica, evitando a polissemia de vozes. O guiamento do Memorial provoca, porém, um conflito de memórias a partir de relatos testemunhais que subvertem a temporalidade histórica da escravidão, imputando novas formas identitárias ao processo de construção da memória.

“Meu canto de morte, guerreiros, ouvi”: intermidialidade e tensões do colonialismo em Amélia (2000)

Esta pesquisa tem como objetivo analisar o filme Amélia (2000), escrito e dirigido pela cineasta brasileira Ana Carolina, a partir dos usos diegéticos de formas artísticas, como a poesia romântica I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias e o teatro francês de Sarah Bernhardt. De acordo com as proposições da intermidialidade, que investiga as configurações intermidiáticas formadas pelo cruzamento entre cinema e outras artes, almejamos demonstrar como poesia e teatro engendram a construção de novas camadas de sentidos na narrativa fílmica e, consequentemente, remetem a diferentes temporalidades históricas, como o período colonial e os anos 2000. Busca-se, assim, contribuir para aprofundar os estudos sobre a história do cinema de autoria feminina através da compreensão de relações intermidiáticas no cinema brasileiro contemporâneo, em especial, o cinema da Retomada.

Contribuições preliminares da história universal de H.G. Wells: elementos de história socioevolucionista e da world history contemporânea

O presente artigo tem como proposta analisar a História universal, publicada em 1919 pelo escritor inglês H.G. Wells, como representante de um gênero de escrita histórica definido por Doris S. Goldstein como socioevolucionista. Esse gênero teve suas primeiras manifestações no fim do século XIX, com o início da repercussão das teorias darwinistas em algumas obras históricas, mas ganhou contornos mais precisos nas primeiras décadas do século XX, sendo o livro de Wells o mais representativo dessa historiografia. Essas primeiras manifestações foram retomadas em novas abordagens na segunda metade do século XX, com a emergência da world history, corroborada por descobertas em diversos campos das ciências naturais e mais bem fundamentada em suas aspirações de articular elementos da biologia evolutiva na análise do processo histórico. Enfim, sugerimos que, na História universal, de Wells, alguns elementos articuladores da world history estão já presentes, como a opção por uma escala temporal cósmica associada à temporalidade propriamente histórica e a crítica às fronteiras nacionais como convenções artificiais que se configuravam como empecilho ao desenvolvimento de um raciocínio histórico mais amplo e atinente a questões mundiais.

Posthuman Glossary

Posthuman Glossary

The Spirit is Willing, but the Flesh is Weak: Embodied Transcendence and Sacred Spectatorship in The Robe (1953)

In this paper, I argue that the reintroduction of widescreen technology with the release of Fox’s The Robe in 1953 promised spectators the ability to encounter—through powerful, embodied immersion—the moment when historical time reached its fulfillment at Christ’s death. However, the fact that the material world continues to move inevitably forward makes it impossible to fully experience the escape from the material world that he represents. As such, the widescreen epic forces a confrontation with the very awareness of living in the stream of historical temporality from which it supposedly offers an escape, providing a deeply conflicted experience of time and history.

‘Rule Number 1 – It is Possible that Your Only Nation is Imagination’

May a country be a work of art? In Belgian Rules/Belgium Rules Jan Fabre sets out to invent Belgium beyond current separatist nationalism, claiming a metonymic relationship between Belgium and theatre, since Belgium was born on the stage of Brussels’s Opera house in 1830. He theatricalizes the institution of the nation by taking up the movement of Belgian carnival parades, in order to historicize it again thanks to his theatricality of repetition, whose agent is the theatrical image in-the-making. The piece is approached as a site of collision between theatrical and historical temporalities. The way Fabre releases the historical/political potential of theatre is explored through Merleau-Ponty’s existential philosophy, Badiou’s invented real and Foucault’s relations of power in institutions. It is concluded that Fabre’s theatre becomes an image itself. Thanks to the metonymic relationship, Belgium is also invented as an image, as an image-nation. Fabre changes the politics of time by disrupting the linear causality of history through his theatricality of repetition. The image-nation becomes a theatrical/political manifest of what is possible in an era challenged by nationalisms.

‘The Story Continues …’ Schelling and Rosenzweig on narrative philosophy

ABSTRACTIn my essay, I analyze Schelling’s and Rosenzweig’s commitment to the narrative philosophy as a unique method of telling a philosophical story. I want to understand what such “philosophical story” means and how it differs from the conceptual approach, here represented by Hegel. I also want to see how it connects with Schelling’s another project continued by Rosenzweig, of doing “positive philosophy”: in what way does positivity imply narrativity? Is this a necessary implication? And, last but not least, I want to explore the theological dimension of the narrative project. I perceive Schelling’s, and then Rosenzweig’s goal as an attempt to oppose Hegel’s double manoeuvre of sublation – of temporal contingency and religion – by returning to the narrative which recovers the actuality of both elements and sees the necessary connection between them. The living experience of history is strictly linked to the religious stories telling the life of the “living God,” who is emphatically not the “God of the system.” Theosophy and its narrative way of creating a suspense and then inscribing it into a metaphysical drama which plays itself out on the arena of history reveals the deep connection between living historical temporality and religious imagery.

Cartografia, dinâmica territorial e patrimônio material

Este artigo, a partir da base empírica do espaço colonial do Oeste baiano, faz análises à luz da Geografia Histórica, num espaço parcamente ocupado e usado pelos colonizadores ao longo dos Setecentos. Por todo o século XVIII a ocupação da região era dispersa e havia apenas uma vila elevada – São Francisco das Chagas da Barra do Rio Grande. Os ditos “sertões”, porém, em nada eram território vazio. Na verdade eram ocupados por grupos hostis aos interesses da empresa colonial portuguesa, ou simplesmente endogenamente desconhecidos por esta. As análises feitas em variadas escalas mostram uma complexa dinâmica territorial que produziu, ao longo do tempo histórico e diferentes temporalidades técnicas, o patrimônio material e imaterial que atualmente “representa” a região do Além-São Francisco.

Ontoepistemologia Ambiental: vestígios e deslocamentos no campo dos fundamentos da educação ambiental ,

Resumo O estudo apresenta ao campo dos fundamentos da educação ambiental algunsprincípios para sustentar a necessidade de reconhecimento de epistemologiasontológicas que contemplem leituras em educação ambiental centradas em nossotempo. Desse modo, procura demonstrar como a racionalidade ocidental, buscandofirmar-se, cindiu o ser no bojo de suas epistemologias através de dualismos.Posteriormente apresentam-se os vestígios atuais de um deslocamento da ciênciapositiva para um modo de pensar a ciência que reconhece a dimensão ontológicado ser, considerando a temporalidade histórica de Heidegger e a linguagem deGadamer. Espera-se que este texto seja o início para pensar possibilidades de umdebate ontoepistemológico para a educação ambiental.

DAVID CARR'S THEORY OF EXPERIENCING TIMES PAST

ABSTRACTThis article is a review of David Carr's “Reflections on Temporal Perspective” in which Carr argues that present‐day historians or philosophers can experience the past, given that the past persists into the present and thus has a “presence” in contemporary life that makes it directly accessible to us. On that basis, Carr seeks to craft a phenomenological approach to history that puts experience in the place of representation and memory, rejecting thereby traditional notions of how we come to know and understand the past. Inherent in this approach is a new, and now widely shared, revision of our understanding of historical temporality, for such an experiencing of the past analytically demands a revised understanding of what “past” signifies when it is “present.” In this, Carr participates in a much broader movement in current historiography, which can be seen in the work of Frank Ankersmit, Hans Ulrich Gumbrecht, Dominick LaCapra, Ewa Domanska, Eelco Runia, and others who focus on the persistence of the past in the present, embracing a materialist rather than linguistic or narrativist approach to historical research and writing.But if history signifies change over time, what “past” in the present do we actually experience? How is it logically possible to embrace both a commitment to the notion of historical development—as Carr does—and a notion of historical perseverance so powerful that the past as such survives and can be experienced? Carr's answer to this query is that “the present point of view is somehow permanent and yet always changing, framed at each moment by a different past and future.” What makes this possible, in his view, is the reality of superimposed temporalities, an idea he illustrates in his analysis of Braudel's La Mediterranée and other works. Hence it is precisely his “reflections on temporal perspective” that enable the experience of the past.

Sons, ritual e história indígena no oeste do Chaco

Focando no plano sonoro da ação ritual, o texto descreve a festa arete guasu que os chané e guarani do Chaco argentino, boliviano e paraguaio realizam anualmente. A repetição e a redundância na produção sonora do rito, tanto quanto as variações, constituem a sua musicalidade. Por sua vez, a repetição conjuga-se com as diferenças entre os temas que pautam a sequência do ritual. Aqui reflete–se sobre a relação desses planos formais com o tempo ritual e o tempo histórico.

Rupture, repression, repetition: The Algerian War of Independence in the present

Abstract What are the legacies of the Algerian War of Independence in the present? More specifically, how do the Algerian War of Independence and its subsequent memorializations force us to reconceptualize historical temporality itself (of which the ‘legacy’ is but one variation)? The following introduction to this special issue provides an overarching framework for multiple answers to these questions. The first half of the introduction focuses on the philosophical and conceptual afterlives of the Algerian War in contemporary French critical thought. In doing so, it attempts to delineate the significant political import of historical temporality as such, setting out a basic problematic to which the articles that follow can be seen variously to respond. In the second part of the introduction, the general cultural and historical legacies of the Algerian War of Independence, and the ‘mnemonic forms’ (Erll 2011) of rupture, repression and repetition that mediate them, come into focus: the ‘rupture’ from a colonial past, the Freudian ‘repression’ of traumatic history, and the ostensible ‘repetition’ of violence in the present. In general, the introduction hopes to open a dialogue with works conducted on these ‘forms’, scrutinizing the effects they have had on the various re-imaginings of the war and its transnational legacies, yet without foreclosing other forms this history may take.

Problemática y perspectivas sobre la temporalidad histórica: algunas consideraciones para una "historia de la teoría política"

El renovado interés que ha adquirido el pensamiento político desde la segunda mitad del siglo veinte ha dado lugar a nuevas perspectivas para su estudio. Sin embargo, el desarrollo teórico de las ciencias sociales no ha tenido una interacción fluida entre las disciplinas que la componen. En este trabajo argumentaré que los desarrollos metodológicos sobre la posibilidad histórica de la teoría política deberían estar interconectados con los desarrollos en el campo de la historiografía. Para sostener mi posición me propongo realizar una aproximación problemática en torno a la posibilidad de construir un conocimiento histórico-científico de la teoría política, a partir de los siguientes tópicos: (1) la temporalidad histórica; (2) el vínculo entre temporalidad y pensamiento, y (3) la politización del pensamiento.

The Modern Making of East Asia in the Long-run Perspective: Historical Temporality, East Asian Development Path, Multiple Modernities

The Modern Making of East Asia in the Long-run Perspective: Historical Temporality, East Asian Development Path, Multiple Modernities