Abstract

Esta pesquisa tem como objetivo analisar o filme Amélia (2000), escrito e dirigido pela cineasta brasileira Ana Carolina, a partir dos usos diegéticos de formas artísticas, como a poesia romântica I-Juca Pirama, de Gonçalves Dias e o teatro francês de Sarah Bernhardt. De acordo com as proposições da intermidialidade, que investiga as configurações intermidiáticas formadas pelo cruzamento entre cinema e outras artes, almejamos demonstrar como poesia e teatro engendram a construção de novas camadas de sentidos na narrativa fílmica e, consequentemente, remetem a diferentes temporalidades históricas, como o período colonial e os anos 2000. Busca-se, assim, contribuir para aprofundar os estudos sobre a história do cinema de autoria feminina através da compreensão de relações intermidiáticas no cinema brasileiro contemporâneo, em especial, o cinema da Retomada.

Highlights

  • Ana Carolina2 inicia sua carreira como diretora de cinema nos anos 1960

  • Tendo realizado filmes em diferentes épocas, como o regime militar, a redemocratização da década de 1980 e os primeiros anos do século XXI, sua filmografia integra a história do cinema brasileiro e marca também a história do cinema de autoria feminina no Brasil, a qual, para Holanda e Tedesco (2017b), configura um espaço a ser ocupado de modo a reduzir as lacunas no conhecimento sobre a obra de profissionais mulheres, submetidas a processos sistemáticos de apagamento

  • Nossa pesquisa não esgota as possibilidades de análise que são disparadas por Amélia, sabendo-se que outras relações entre mídias podem ser verificadas – como a evocação do poema de Castro Alves, a representação da peça A Tosca de Victorien Sardou e a transposição de Canção do Exílio de Gonçalves Dias para a música sertaneja

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Summary

Introduction

Ana Carolina2 inicia sua carreira como diretora de cinema nos anos 1960. Em sua obra, encontram-se filmes experimentais, documentários e ficções que exploram problemáticas sociais, históricas e políticas do Brasil, como a ditadura, a censura à liberdade de expressão, a sexualidade, dogmas religiosos e diversas formas de opressão que recaem sobre mulheres. Nossa escolha da intermidialidade se justifica em virtude dos recursos teórico-metodológicos ensejados para a análise da relação entre cinema, poesia e teatro na obra de Ana Carolina – tais como a ênfase sobre contextos históricos, a abordagem de referências intermidiáticas, sua diferenciação quanto a outras formas de interseção entre mídias e a possibilidade do estudo da configuração específica em que as relações se dão, que, neste caso, consiste da matéria fílmica8.

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