Abstract

O presente artigo tem como proposta analisar a História universal, publicada em 1919 pelo escritor inglês H.G. Wells, como representante de um gênero de escrita histórica definido por Doris S. Goldstein como socioevolucionista. Esse gênero teve suas primeiras manifestações no fim do século XIX, com o início da repercussão das teorias darwinistas em algumas obras históricas, mas ganhou contornos mais precisos nas primeiras décadas do século XX, sendo o livro de Wells o mais representativo dessa historiografia. Essas primeiras manifestações foram retomadas em novas abordagens na segunda metade do século XX, com a emergência da world history, corroborada por descobertas em diversos campos das ciências naturais e mais bem fundamentada em suas aspirações de articular elementos da biologia evolutiva na análise do processo histórico. Enfim, sugerimos que, na História universal, de Wells, alguns elementos articuladores da world history estão já presentes, como a opção por uma escala temporal cósmica associada à temporalidade propriamente histórica e a crítica às fronteiras nacionais como convenções artificiais que se configuravam como empecilho ao desenvolvimento de um raciocínio histórico mais amplo e atinente a questões mundiais.

Highlights

  • This article aims to analyze the book The Outline of History, published in 1919 by the English writer H.G

  • Nomadismo e sedentarismo representam dois ideais sociais distintos, postos em oposição por Wells, e são definidos pelo que chamou de communities of faith and obedience, como as primeiras civilizações, e communities of will, representadas desde os princípios da história principalmente pelos povos nórdicos, hunos e mongóis

  • Florianópolis, v. 26, n. 42, p. 290-308, maio/ago. 2019

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Summary

A HISTÓRIA UNIVERSAL E A GRANDE GUERRA

Para os jovens leitores do século XX, H.G. Wells foi um contista de histórias fantásticas, de narrativas que versam sobre sonhos humanos, o tempo futuro e suas implicações sociais, além de tecnologias antevistas. Com o intuito de promover um debate diferenciado na constituição da Liga das Nações e no processo de reorganização mundial pós-Primeira Guerra, a ideia central de Wells era discorrer sobre alguns contextos históricos que exemplificariam a vocação europeia para a unidade, buscando justificativas para o que classificou como uma obstinada busca da manutenção de um império na Europa, ora baseado nos exemplos de expansão e conquista característicos da Antiguidade clássica, ora identificado nos projetos de unificação fundamentados na cristandade, propostos em diferentes momentos históricos. Como exemplo da precariedade anterior do debate sobre as origens do Universo e da humanidade, Wells aponta um livro — também chamado nessa edição em português de História universal —,6 publicado no fim do século XVIII em Londres, que ocupa seu início com a delimitação precisa da criação do mundo. As perspectivas da história humana se alargaram substancialmente no tempo e no espaço, passando de alguns milhares de anos para o campo dos milhões

A AURORA DA HISTÓRIA
A HISTORIOGRAFIA SOCIOEVOLUCIONISTA E A CONSTITUIÇÃO DA HISTÓRIA GLOBAL

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