Abstract

Em Édipo Rei, há uma cena que já foi dita ser a cesura, o antirrítimo no ritmo, o incalculável no cálculo: a do tirano com Tirésias. Como o vidente é dito ser aquele em quem “[...] só/ se infunde o Desocultamento: Alétheia”, leio tal cena como uma cena de alétheia, como uma cena em que alétheia se encena. Certamente, é uma cena análoga ao que é contado da relação de Édipo com a Esfinge, em que esta resguarda o enigmático, enquanto aquele acredita na decifração do enigmático. Se Édipo é, como diz, o investigador de todos os discursos, como ele se porta em relação a isso que, na linguagem, enquanto alétheia, é o que mais importa? Do mesmo modo, como Tirésias se porta? Como a linguagem porta alétheia que nela aporta? Enquanto, em sua posição frente à verdade, Édipo assume uma posição de tirania, em Tirésias, alétheia e aporia se sobrepõem, fazendo-nos pensar, se ainda nos for preciso usar o nome, em uma “verdade” aporética como a que poeticamente nos cabe. Assim, haveria um duplo paradigma na respectiva tragédia quanto ao modo de pensar a verdade: um a ser evitado, o de Édipo; outro, a ser seguido, o de Tirésias.

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