Abstract

Presenciamos, atualmente, algo de um momento crítico para o pensamento, que se expressa de maneira análoga em diversas áreas do conhecimento. Na filologia, é experienciada a exaustão de um predomínio do modelo mimético auerbachiano, conforme a noção do Real lacaniano toma conta da sensibilidade literária ocidental. Tal assunção levou o pensamento moderno a um paradigma mórbido da existência, expresso nos trabalhos de Heidegger, Lacan e Agamben, e numa posterior leitura contemporânea algo desbalanceada do paradigma biopolítico foucaultiano, “fazer viver e deixar morrer”, que enxerga no encontro com a Coisa o fundamento e o horizonte da tanatopolítica. O presente ensaio visa propor alternativas para a localização de uma arquifilologia no domínio da vida frente ao Real, ao recusar o antropocentrismo do campo literário. Explorando a teoria gravitacional do físico teórico holandês Erik Verlinde, que sugere que a gravidade seria uma qualidade emergente da informação a dividir o espaço físico emergido e um segundo espaço por vir, a inorganicidade da literatura diagnosticada na máxima batailleana seria levada a um Outro lugar. O desejo de expressar imageticamente um mundo por vir não estaria sob monopólio humano, mas sim expresso em um funcionamento cósmico desde sempre indiferente a ruína da tradição mimética.

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