Este estudo visa contribuir com a elaboração conceitual para o campo de atuação da Geografia Marinha. Pesquisas geográficas sobre espaços marinho, costeiro e oceânico têm predominado desde abordagens sobre fenômenos físicos. Tais avanços vêm resultando inequívocas contribuições no âmbito das políticas públicas no Brasil. Com a intensificação da urbanização, dos modos de produção e dos fluxos de objetos e ações, as interrelações sistêmicas e decorrentes implicações ambientais consolidam a interferência antrópica nos mares, oceanos e costas. Convém, então, considerar-se uma condição territorial a esses espaços. Os fatores de ênfase humana (econômicos, políticos, culturais) configuram, também, o quadro complexo de ações sobre as superfícies marinhas, contribuindo para que as mesmas sejam influenciadas por valoração, apropriação, usos, conflitos e atividades. As múltiplas escalas cabíveis à inteligibilidade da superfície terrestre projetam na superfície marinha uma superação paradigmática, aqui atribuída à Geografia Marinha. Ao passo em que surge um crescente foco na atribuição de responsabilidades sobre os litorais, as zonas contíguas e as águas internacionais, sob preocupação de fóruns multilaterais cada vez mais criteriosos, a governança acaba por evidenciar o desafio de se construir consensos, normas, agendas e avanços em propósitos sustentáveis. Conceitos como o de território, por sua vez, contribuem com as abordagens complexas inerentes às questões emblemáticas de tais áreas. Algumas proposições da Geografia contemporânea, em permanente (des) construção, podem auxiliar no aprimoramento de métodos e técnicas de abordagens, pesquisas e aplicações do conhecimento geográfico para oceanos e costas. O desafio está em aproximar linhas de pensamento e de trabalho, o que incorre em um caminho de diálogo necessário dentro da própria constituição e consolidação da Geografia Marinha, em seu alcance metodológico para a integração dos fenômenos físicos e humanos. A(s)cenda (a)o debate.