A crise socioambiental configurou-se mundialmente em meados do século XX devido à consolidação da sociedade urbano-industrial e dos avanços da ciência moderna, pautada pela racionalidade técnico-científica instrumentalizada aplicada para atender o modelo antropocêntrico de dominação da natureza para expansão capitalista. Essa crise global manifesta-se localmente no território centro-norte no estado de Mato Grosso a partir da expansão do capitalismo, a qual tomou forma, em especial na década de 1970, por meio das políticas desenvolvimentistas de integração nacional à Amazônia. A ocupação do espaço – por meio da colonização público-privada que atraiu o interesse de grandes grupos nacionais e internacionais –modificou a dinâmica territorial, movimentação de fauna e flora e também das populações seja das preexistentes no território, seja das populações migrantes em suas diferentes situações. Tal processo ocorreu de modo rápido e intenso, gerando desequilíbrios socioambientais na terra, na água, no ar, na biodiversidade e nas culturas preexistentes no território devido à inserção da Amazônia Legal – como região funcional – no contexto do capitalismo globalmente estruturado, perpetuando localmente os efeitos da crise socioambiental global. Dessa forma, o artigo em questão objetiva compreender como a Educação Ambiental no encontro com o diálogo de saberes e culturas pode produzir uma racionalidade socioambiental na região centro-norte mato-grossense. Por meio de revisão bibliográfica, o estudo revelou que, embora exista uma fragilidade das práticas de Educação Ambiental e/ou adoção de atividades pontuais e não contextualizadas – o que não explicita as relações mercantilizadoras e insustentáveis existentes no modelo de sociedade vigente – quando trabalhado de forma crítica e dialógica, tal modelo promove a compreensão ampliada das relações complexas entre sociedade e natureza. Ademais, a Educação Ambiental no encontro com o diálogo de saberes científicos com os saberes culturalmente construídos por populações tradicionais (indígenas e não indígenas), os quais coevoluem com a natureza, possibilita a construção da racionalidade socioambiental que subsidia uma compreensão que aproxima as ciências da vida, da natureza e da sociedade e é pautada em princípios éticos, democráticos, justos e ecologicamente sustentáveis.
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