O artigo reflete sobre alguns pilares do pensamento de Boaventura de Sousa Santos tecendo conexões com os Estudos da Criança, sobretudo, no que se refere à Sociologia da Infância em sua vertente crítica. Dessa forma, retomamos conceitos elaborados pelo autor, tais como, a crítica à ciência moderna e a sociologia das emergências, dialogando principalmente com o quadro teórico proposto por Sarmento (2004; 2018). No artigo discutimos ainda a concepção de criança como sujeito de direitos e suas implicações para a pesquisa com foco na educação da primeira infância. Por fim, considerando a natureza argumentativa da cadeia de conceitos desenvolvida por Boaventura, que dá espaço ao contraditório e ao enfrentamento da hegemonia de discursos já formulados sobre a infância, sugerimos alguns alinhamentos entre a necessidade de repensar esse segmento geracional e a efetivação das condições para a sua emancipação social. Nessa direção, propomos a superação da visão universalista não apenas em relação à criança, como já tem sido indicado pela Sociologia da Infância crítica, mas também em relação à escola, dando visibilidade a experiências alternativas nesse espaço. Concluímos que o olhar descentralizado sobre a infância em diferentes contextos institucionais, incluindo ambientes escolares com outras formas de organização do tempo e do espaço, com outras lógicas na implementação de seus projetos políticos pedagógicos, pode nos oferecer novos subsídios para a construção de uma Pedagogia da Infância que, no Brasil, constitui um campo de pesquisa emergente.
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