O artigo propõe analisar historicamente a relação de dependência/independência política e econômica da televisão brasileira, através de um estudo de caso, o da TV Globo e do seu principal telejornal, o Jornal Nacional, programa mais antigo em exibição na televisão brasileira. No ar desde 1º de setembro de 1969, o Jornal Nacional pode ser compreendido como produto da articulação entre os interesses da elite política e econômica e os interesses políticos e econômicos dos militares que marcaram as décadas de 1960 e 1970, que é também o período de consolidação de um mercado cultural no Brasil. Argumentamos que a consolidação da televisão brasileira está associada ao governo militar (1964-1985), à Doutrina de Segurança Nacional e Desenvolvimento e à idéia de integração nacional e evidenciamos os movimentos políticos e econômicos fundamentais para a consolidação da TV Globo, entre eles a criação do seu padrão Globo de qualidade, uma composição de estratégias econômicas, comerciais, políticas, tecnológicas, produtivas e estéticas que evidencia que a Globo foi, no momento de consolidação da televisão no Brasil, a emissora que melhor percebeu as potencialidades do veículo e que melhor reuniu as condições econômicas e políticas para transformar a sua programação num objeto de consumo de massa.