Abstract
Rimas em poemas originais e traduzidos são o tema deste artigo, seu objetivo sendo analisá-las como cerceamentos potencialmente criativos na escrita original e na tradução. Com esse objetivo, o artigo analisa ideias comumente aceitas sobre rimas, como a suposição de que rimas limitam a expressão, para refutá-las por meio de argumentos girando em torno ao potencial criativo das rimas em poemas originais e em poemas traduzidos, rimas sendo consideradas como convenções ou cerceamentos que, uma vez usadas com propriedade pelo poeta e pelo poeta-tradutor, são um componente da sua originalidade. Desse ângulo, o uso apropriado da rima estaria ligado à criação de contextos logicamente convincentes para as rimas. No caso de traduções poéticas, em que o tradutor não pode senão usar um contexto estrangeiro como ponto de partida para a experiência literária a ser desenvolvida em sua tradução, o contexto estrangeiro é já um cerceamento a mais no caso de rimas, o que prova que os cerceamentos na tradução são maiores do que na escrita original. Essas ideias sobre rima também são apresentadas no artigo como relacionadas a visões pessoais do autor sobre tradução poética, inspiradas por escritos críticos de Jean Boasse-Beier e Michael Hamburger. Segundo os pontos de vista do autor, seguindo os passos de Jean Boasse-Beier, a tradução é uma arte cerceada, e “paráfrases poéticas”, que ele define idiossincraticamente a partir de suas elaborações das idéias seminais de Dryden sobre o assunto, é o expediente que ele escolhe para lidar com cerceamentos na tradução poética. Por fim, o artigo analisa trechos da tradução de O flautista em Hamelin à luz dessas idéias, e inclui uma versão atualizada do poema publicado em décadas anteriores.
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