Abstract

O romance Miramar (1967), de Naguib Mahfuz, retrata a sociedade urbana egípcia após a Revolução de 1952 e está repleto de referências sociais, políticas e culturais. Esse tipo de informação gera problemas tradutórios que podem ou não vir a ser resolvidos via nota de tradutor. Analisando quatro traduções da obra, para o inglês, espanhol, português brasileiro e português de Portugal, percebe-se que as escolhas tradutórias variaram significativamente, revelando muito sobre cada tradutor/a, o sistema literário em que se inscreve e sua relação com o Egito. Com o objetivo de investigar o uso da nota de tradutor em cada uma das traduções, mobilizamos discussões teóricas sobre o assunto, especialmente as suscitadas por María Luisa Donaire Fernández (1991) e Pascale Sardin (2007). Conclui-se que, na tradução para a língua inglesa, a quebra da linearidade do texto principal é evitada, sendo o único que não utiliza paratextos. Nas outras três traduções, observa-se maior utilização de paratextos, sejam eles um prólogo na edição espanhola, que suprime a necessidade de algumas notas da tradutora, ou um maior uso de notas de tradutor, no caso das duas traduções para o português. Tais notas, com maior frequência, cumprem função exegética, podendo também adicionar um teor interpretativo. Em nenhum dos casos estão presentes estratégias de explicitação do/a tradutor/a como autor/a, tais quais reflexões metalinguísticas. A partir dessas conclusões, comparadas com a observação do mercado editorial em cada um dos países envolvidos, levantam-se hipóteses sobre quais práticas tradutórias são mais facilmente aceitas em cada cultura.

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