Abstract

Este trabalho apresenta considerações sobre a presença jesuítica na América portuguesa ao longo da primeira metade do século XVI e os processos educativos propostos pelos missionários desta ordem para um grupo específico: o Tupinambá. A partir deste objetivo, tenciona-se questionar alguns pressupostos epistêmicos ligados à história e historiografia da educação brasileira. Nesse sentido, questões teórico-metodológicas fundamentadas em uma história da educação focalizada nos estudos pós-coloniais, na história cultural e nos estudos interculturais críticos são apresentadas ao leitor. Emseguida, demonstram-se alguns dos pressupostos ligados à constituição da ideia de modernidade europeia e um de seus desdobramentos: a expansão colonial luso-cristã e suas práticas pedagógicas interculturais funcionais aos domínios do Império português. Esta conexão, conforme assinalado, é analisada a partir daquilo que chamamos de a demonização da alma indígena. Toma-se, pois, esse itinerário como caminho para valorização da lei 11.645/2008, que estabelece o reconhecimento e a valorização da história e cultura afro-brasileira e indígena, a partir da escrita de uma nova história da educação.

Highlights

  • This work presents considerations on the Jesuit presence in Portuguese America during the first half of the 16th century and the educational processes proposed by the missionaries of this order for a specific group: the Tupinambá

  • A efetivação de lutas históricas dos movimentos negros e indígenas, por meio das leis federais 10.639/2003 e 11.645/2008, que alteram elementos relativos à nossa Lei de Diretrizes e Bases, direciona-nos a pensar na história da educação como um vetor para defender, em um campo de disputa simbólica e concreta, políticas públicas de acesso e permanência dessas populações a bens e serviços públicos e privados, por meio de diferentes ações afirmativas implantadas ou ainda advogadas em nossa sociedade, em defesa de uma educação para as relações étnico-raciais que viabilize as demandas de diferentes sujeitos coletivos e movimentos sociais (HALL, 2006)

  • Dados não mais pela ideia inicial dos papéis em branco descritos por Nóbrega, são redefinidos em função de uma teia simbólica que adjetivou o caraíba como responsável pela cegueira Tupinambá, fundamentada na ilusão e na falsidade dos feiticeiros descritos pela Companhia de Jesus

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Summary

Fábio Eduardo Cressoni*

Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-brasileira (UNILAB), Redenção, CE, Brasil. A partir deste objetivo, tenciona-se questionar alguns pressupostos epistêmicos ligados à história e historiografia da educação brasileira. Questões teórico-metodológicas fundamentadas em uma história da educação focalizada nos estudos pós-coloniais, na história cultural e nos estudos interculturais críticos são apresentadas ao leitor. Demonstram-se alguns dos pressupostos ligados à constituição da ideia de modernidade europeia e um de seus desdobramentos: a expansão colonial luso-cristã e suas práticas pedagógicas interculturais funcionais aos domínios do Império português. Conforme assinalado, é analisada a partir daquilo que chamamos de a demonização da alma indígena. Toma-se, pois, esse itinerário como caminho para valorização da lei 11.645/2008, que estabelece o reconhecimento e a valorização da história e cultura afro-brasileira e indígena, a partir da escrita de uma nova história da educação.

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Fábio Eduardo Cressoni
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