Abstract

As dificuldades de produção e acesso a alimentos básicos no período colonial são circunstâncias sempre noticiadas na documentação coeva. Nas vilas de índios, mandadas criar pelo Marquês de Pombal, através do Diretório dos Índios, essa realidade era aindamais devastadora ao final do século XVIII. A situação econômica dos índios vilados era afetada pela periodicidade das estiagens; pelas demandas dos colonos e autoridades luso-brasileiros em razão do mercado regional e internacional; pela estrutura da divisão das terras em pequenos lotes que acelerava o processo de empobrecimento da terra; e pela imposição aos índios da prestação de serviços aos colonos. A consequente baixa produtividade causada por esse conjunto de circunstâncias pode ser verificada através da avaliação dos dízimos pagos pelos índios vilados e registrados nas listas nominais elaboradas pelos diretores de índios, conforme a ordenação do Diretório. Os valores apurados indicam uma pobreza em níveis inferiores às necessidades de sobrevivência, indicando que a vida econômica desses índios no Rio Grande era, em grande medida, voltada à subsistência, inserida nos limites da miséria, vulnerável às instabilidades do clima e submetida às exigências coloniais por terras e trabalhadores. Por outro lado,não se pode deixar de considerar a insistente resistência indígena em assumir as regras econômicas que o Diretório queria impor. Mesmo não sendo explícita na documentação consultada, essa resistência pode ser percebida quando se considera que a subsistência era o objetivo econômico da tradição agrícola indígena, assim, continuar plantando apenas o que se comia pode ser considerado como uma forma de se opor à dominação e exploração coloniais.

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