Abstract

As relações entre trauma, melancolia e criação artística, na autoficção Une Mélancolie Arabe (2008), de Abdellah Taïa, são o pano de fundo da iniciação cinematográfica e literária do protagonista, Abdellah, marroquino domiciliado em Paris. O objetivo deste artigo é evidenciar que esse narrador-personagem, oriundo de um país periférico, ao vivenciar o luto de sua origem e da idealização cultural do país hospedeiro, problematiza uma questão relevante para a literatura comparada, debatendo, durante viagens de retorno a países árabes, a idealização da capital francesa como referência de formação intelectual. A hipótese aventada é que, ao vivenciar rituais iniciáticos, nos quais se imbricam trabalho artístico e interações sociais e eróticas, o narrador vê-se confrontado com a frustração imaginária encarnada pelo corpo e pela língua do outro, terminando por reinventar seu lugar como escritor francófono. O aporte teórico-metodológico constitui-se dos conceitos de melancolia, de Sigmund Freud; não-lugar da literatura, de Eneida Souza; différance, de Jacques Derrida; violência ética, de Judith Butler; e língua menor, de Deleuze e Guattari.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call