Abstract

O artigo discute a construção social dos mercados institucionais para a agricultura familiar, colocando ênfase nas “novidades” em práticas, processos e formas de organização que são desenvolvidas e utilizadas pelos agricultores familiares visando o acesso às compras públicas e a superação de algumas de suas limitações. Para esta reflexão, o artigo analisa a construção de dois casos: o Circuito Sul de Comercialização e Circulação de Alimentos Agroecológicos da Rede Ecovida de Agroecologia e a Associação da Rede de Cooperativas da Agricultura familiar e Economia Solidária (RedeCoop). A partir de pesquisa documental e entrevistas semi-estruturadas, foi possível observar que o processo de construção social do Circuito Sul da Rede Ecovida de Agroecologia se diferencia da RedeCoop em virtude do papel protagonista na coordenação e no controle da circulação e comercialização e de um amplo conjunto de instituições que organiza as relações dos atores atuantes nos processos. Tais diferenças decorrem da especificidade dos produtos comercializados (alimentos agroecológicos) e dos artefatos que interagem na Rede Ecovida. Em que pesem as diferenças, em ambos os casos, a construção dos novos circuitos de comercialização, com vistas a conectar agricultores familiares a mercados institucionais, pode ser interpretada como uma “novidade” que emergiu a partir da vivência e das dificuldades cotidianas dos atores e que se organiza a partir de institucionalidades que, a seus modos, questionam o regime dominante e apresentam potencial para mudanças radicais. A dinâmica e as características dos mercados e das infraestruturas sociomateriais construídas apontam contribuições para a construção de sistemas alimentares sustentáveis.

Highlights

  • Innovations and novelties in building markets for family farming: the cases of the Ecovida Agroecology Network and RedeCoop

  • O preço ao produtor é calculado a partir do preço final, reduzidos os valores de transporte, que são calculados por unidade de produto e de acordo com a distância percorrida8

  • As experiências analisadas neste artigo chamam a atenção para o protagonismo dos agricultores familiares e suas organizações na construção de inovações que lhes permitem articular novos circuitos de comercialização

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Summary

Introdução

Há alguns anos é possível identificar na literatura que trata de temas relacionados à agricultura familiar uma série de trabalhos que, sob diferentes perspectivas e abordagens teórico-metodológicas, trata dos mercados para a categoria social. Os agricultores familiares têm se inserido de forma crescente nas compras públicas, também conhecidos no Brasil como mercados institucionais, que se referem às operações de compra de alimentos por parte de. Para Schneider (2016), mais do que qualquer outro tipo, os mercados institucionais são efetivamente o resultado de uma construção social e política, pois lidam com fundos públicos que se originam de contribuições públicas, razão pela qual requerem mecanismos de governança abertos e democráticos. Este texto apresenta uma reflexão sobre a construção de mercados institucionais para a agricultura familiar, estruturando-se em torno da análise de “novidades” em práticas, processos e formas de organização que são desenvolvidas e utilizadas pelos agricultores familiares – bem como por demais atores do meio rural – visando o acesso às compras públicas e a superação de algumas de suas limitações. Na quarta seção comparamos os casos a partir dos elementos teóricos utilizados e, por fim, concluímos o artigo apresentando algumas reflexões sobre o tema e a problemática proposta

Sobre construção de mercados
Sobre inovações e criação de mercados
Histórico e contexto
Organização e gestão do circuito
Considerações finais
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