Abstract

O artigo interroga o modo como se estabelecem as relações entre vida e morte na política brasileira, a partir da ideia de que cabe à filosofia pensar o presente, isto é, os efeitos da pandemia no Brasil. Proponho a hipótese de que a chegada da pandemia do novo coronavírus ao país não apenas explicitou um conjunto de diferentes tecnologias de poder que já se encontravam em exercício no Brasil, bem como evidenciou deslocamentos no modo como biopolítica, neoliberalismo e necropolítica se encontravam articulados entre nós. Com o advento da pandemia, as tecnologias biopolíticas e neoliberais não desapareceram, mas foram recobertas pela necropolítica, que passou a assumir predominância a partir das ações e omissões do governo brasileiro, orientadas pelo lema do fazer morrer e deixar morrer. Essa guinada rumo à necropolítica se deixa manifestar na infame expressão desdenhosa com que o presidente brasileiro se referiu aos mortos pela pandemia: “E daí?” Finalmente, argumento que a noção arendtiana acerca da ideologia totalitária pode esclarecer aspectos importantes sobre o fenômeno do fanatismo político no país.

Full Text
Published version (Free)

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call