Abstract

Partindo da concepção de que os acidentes e doenças do trabalho representam a culminância do processo de exploração capitalista e, portanto, têm o potencial de revelar as condições de vida e trabalho vigentes nas conjunturas estudadas, o presente artigo discute como os índices oficiais de sinistros laborais elaborados pela Previdência Social, e demais questões relacionadas à infortunística, foram tratados pela imprensa nos primeiros anos da década de 1970, sobretudo pelos jornais O Estado de São Paulo, Opinião e Movimento. De forma complementar, também serão evocadas algumas fontes oficiais ligadas ao Ministério do Trabalho, e que, portanto, veiculavam o posicionamento oficial do governo no campo da sinistralidade laboral. Com enfoque nos “ciganos das construções”, como eram chamados os operários da construção civil, setor que passou por notável expansão durante o período, buscaremos apontar alguns aspectos que muito revelam sobre o modelo de desenvolvimento excludente adotado pela ditadura militar, baseado na super-exploração da força de trabalho e no favorecimento ao grande capital: a migração, a informalidade, a fiscalização dos ambientes de trabalho, a extensão das jornadas, a pressão pelo cumprimento de prazos, o desrespeito pelas normas de higiene e segurança do trabalho, a descartabilidade das vidas dos trabalhadores – tanto nas obras de pequeno porte quanto nas grandes catástrofes, como a Gameleira e a ponte Rio-Niterói.

Full Text
Paper version not known

Talk to us

Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have

Schedule a call