Abstract

Este artigo procura refletir sobre desafios de pesquisa com arquivos fotográficos vernaculares nas ciências humanas, em especial na antropologia. Reflete-se, por um lado, sobre as complexidades teórico-metodológicas que essas grafias (Ingold, 2007) inscrevem como narrativas e histórias de vida, quando expressas como “fotobiografias” (Bruno, 2009). Por outro, reposiciona-se essas mesmas problemáticas, quando fotografias de família tornam-se anônimas, “fotografias órfãs” (Bruno, 2016), e adicionam interrogações sobre o grafar outras vidas “anônimas” de fotografias e pessoas. A insurgência do descarte dos álbuns de família faz emergir ambientes quase desconhecidos, nos quais esses arquivos “pós-álbuns”, se encontram abandonados, escondidos ou arruinados no “limbo” de fotografias analógicas. Uma espécie de “zona morta” que se torna um “bioma” de arquivos ou um “contra-arquivo”, a problematizar a noção de lixo-arquivo (Assman, 2011) e a potencializar reflexões acerca de uma “antropologia dos restos” (Debary, 2017) e de “uma antropologia das imagens sem importância” (Samain, 2003).

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