A prólepsis de Epicuro e seus significados

Abstract

<span lang="PT-BR">O presente artigo investiga a noção de <em>prólepsis </em>(</span><span lang="EL">πρόληψις</span><span lang="PT-BR">) na filosofia de Epicuro a partir dos termos empregados por Diógenes Laércio no parágrafo 33 do 10º livro de <em>Vida e doutrinas dos filósofos ilustres</em>. O termo <em>prólepsis </em>é um neologismo de Epicuro, como afirmou Cícero, e que, para explicá-lo convincentemente, Diógenes Laércio recorreu a outros termos consolidados na tradição filosófica: <em>katálepsi</em></span><em><span>s</span></em><span lang="PT-BR">, <em>dóxa </em><em>orthé</em>, <em>énnoia </em>e <em>katholikè </em><em>nóesis</em>. Segundo Epicuro, a <em>prólepsis </em>é uma retenção mnêmica (</span><span lang="EL">μνήμη</span><span lang="PT-BR">) formada empiricamente a partir do que afeta os sentidos (αἰσθήσεις) e constitui-se de diversas experiências vivenciadas no decurso do tempo, isto é, de uma pluralidade de experiências que deixaram marcas (</span><span lang="EL">τύποι</span><span lang="PT-BR">) na <em>psy</em></span><em><span lang="EL">k</span><span lang="PT-BR">hé</span></em><span lang="PT-BR">, vindo a ser acionadas pelo entendimento (</span><span lang="EL">διάνοια</span><span lang="PT-BR">) sempre que necessárias. Muito cara à sua filosofia, a <em>prólepsis </em>como o segundo “critério da verdade” (κριτήρια τῆς ἀληθείας) garante a passagem da sensibilidade ao entendimento, legitimando assim a capacidade de produção de conhecimento “confirmado” (</span><span lang="EL">μαρτύριον</span><span lang="PT-BR">).</span>