Abstract

Por meio das ideias de Edgar Allan Poe a respeito das formas de criação de um efeito no leitor e com base nas lições de H. P. Lovecraft sobre a atmosfera das narrativas sobrenaturais, o presente artigo se propõe a discutir como a música pode ser um fator decisivo na construção de uma obra literária do gênero terror. Para tanto, o artigo analisa a forma com que as músicas são elementos importantes para o desenvolvimento da tensão narrativa em contos de H. P. Lovecraft, Nathaniel Hawthorne e Stephen King, detalhando as estratégias narrativas adotadas por cada um para destacar uma música imaginada pelo leitor como parte integrante da atmosfera de uma história de terror.

Highlights

  • Through the theories of Edgar Allan Poe regarding the ways of impressing a vivid effect on the reader

  • how music may be a decisive factor in constructing a literary work of horror genre

  • this article analyzes the ways in which music is an important element to the setting of narrative tension

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Summary

Literatura e Música: uma relação de mútuo fascínio

Engana-se quem pensa que as artes são passíveis de uma separação estanque, em que cada uma vive dentro do seu próprio microcosmo de atuação, ou seja, a música lida com as capacidades derivadas do som, à literatura pertence o domínio da palavra e a pintura trata da representação pictórica de coisas ou pessoas, para ficarmos em alguns exemplos. A prova está nos diversos exemplos seja como tentativa de livre interpretação literária para canções existentes, como é o caso de “Cobain” (2016), coletânea de contos organizada por Sérgio Tavares em homenagem ao álbum Nevermind, da banda americana Nirvana; seja tratando de músicas imaginárias que não existem no mundo real, somente na ficção, como ocorre em “Contos para ler ouvindo música” (2005), conjunto de narrativas de vários autores, todas contendo referências musicais, organizada por Miguel Sanches Neto; seja como suporte material em torno do qual a trama se desenvolve – podemos citar como exemplo “Ribamar” (2013), de José Castello, em que os capítulos do livro são trechos em notação musical de uma cantiga entoada na infância do narrador; seja ainda como artifício para envolver o leitor e desencadear as memórias do protagonista, caso de “Instrumental: memórias de música, medicação e loucura” (2017), de James Rhodes, cuja trama é construída em torno de músicas lembradas pelos narrador e que se ligam a momentos-chave da sua vida. Propicia um efeito nos leitores, algo que, à luz da Escrita Criativa, pode auxiliar na análise das estratégias ficcionais adotadas por um autor no interior da narrativa, especialmente no gênero terror

O Efeito e a Atmosfera nas Narrativas de Terror
A Música nas Narrativas de Terror
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