Resumo Com o processo de ampliação do ensino fundamental, as crianças de seis anos foram inseridas em relações de poder-saber diferenciadas. Ao longo de uma investigação, realizada com o uso de técnicas etnográficas articuladas à análise de discurso foucaultiana, em uma turma de primeiro ano do ensino fundamental de uma escola pública da rede municipal de Belo Horizonte, foi possível perceber que, entre essas novas relações de poder-saber, destacam-se aquelas que articulam o dispositivo de antecipação da alfabetização (que preconiza que as crianças devem estar alfabetizadas ao final do primeiro ano de escolarização), o dispositivo de infantilidade e a tecnologia de gênero. Tendo em vista essa articulação, este artigo tem como objetivo discutir como se dá a produção de corpos generificados nesse currículo. Argumenta-se que a articulação do dispositivo de infantilidade com a tecnologia do gênero é posta em funcionamento no currículo que opera com a antecipação da alfabetização por meio de técnicas de distinção (que separam “coisas de meninos de coisas de meninas”, geralmente infantilizando-os/as) e técnicas de responsabilização (que responsabilizam professoras, alunos/as e famílias a assumirem certas funções, tendo em vista o seu gênero) com implicações tanto no processo de alfabetização, como no processo de construção do gênero de meninos/as e professora.
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