Apresento aqui a transcrição e a tradução da letra de um canto krahô, povo ameríndio falante de uma língua Jê e que vive no norte do estado do Tocantins. Este canto é um exemplar de um dos diversos gêneros de arte verbal encontrados entre os Krahô e que constituem formasexpressivas centrais em seu vasto e complexo sistema ritual. Proponho aqui um exercício cruzado em que o comentário etnográfico enriquece a tradução e o comentário sobre a tradução enriquece a etnografia, ambos movimentos contribuindo para uma compreensão mais detalhada do texto e de seu contexto. A partir disso, interpreto esse canto como uma reflexãosobre seu próprio processo de transmissão e como local de elaboração de uma poética da memória.
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