Visando a obtenção de subsídios técnicos à produção em escala comercial do guaco, o objetivo geral do presente estudo foi otimizar o processo de propagação via estaquia do guaco, e os objetivos específicos foram analisar fitoquimicamente a possibilidade do uso de Mikania laevigata como sucedânia de Mikania glomerata, determinar a área foliar, o tempo de imersão em água, o substrato e o sistema de irrigação mais indicados na estaquia de guaco e comparar agronomicamente o rendimento a campo das duas espécies. Foram realizado três experimentos de estaquia, para verificar o efeito da área foliar, do tempo de imersão da base da estaca em água e da interação substrato x sistema de irrigação na estaquia das duas espécies de guaco. No primeiro experimento, foram testadas as seguintes áreas foliares: 0, 5, 25, 50 e 100cm2. No segundo experimento, testou-se os substratos casca de arroz carbonizada, areia e solo, cada qual sob dois diferentes sistemas de irrigação (nebulização ou rega manual). No terceiro experimento, testou-se 0, 3, 6, 12 e 24 horas de imersão em água. Para todos os experimentos, utilizou-se estacas com 12 cm de comprimento, diâmetro de 0,8 a 1,0 cm, retiradas da parte mediana dos ramos; o delineamento foi em blocos ao acaso, com quatro repetições e vinte estacas por parcela. A avaliação foi feita, respectivamente, 75, 60, e 90 dias após a instalação dos experimentos. O aumento da área foliar causou aumento no enraizamento e decréscimo na mortalidade das duas espécies, cabendo ressaltar que M. glomerata apresentou menor desenvolvimento que M. laevigata. Quanto à interação substrato x sistema de irrigação, constatou-se que, de modo geral, tanto para M. glomerata quanto para M. laevigata, o substrato casca de arroz carbonizada sob rega manual apresentou melhores resultados. O tempo de imersão da base da estaca em água não afetou significativamente, para ambas as espécies, nenhuma das variáveis. No estudo visando comparar o rendimento a campo das duas espécies, foram plantas mudas na Fazenda Experimental do Cangüiri da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 25/11/98, em covas espaçadas de 1,0 m na linha e de 2,0 m na entrelinha, com condução em espaldeira com fios a 0,8, 1,2 e 1,6 m de altura. O delineamento foi em blocos casualizados, com três repetições e três plantas por parcela. A ocorrência de uma forte geada no inverno de 1999 causou a morte das plantas de M. glomerata. O rendimento de M. laevigata, avaliado 17 meses após o plantio, resultou em 501,5 g de matéria seca/planta. Também foi realizada a avaliação e comparação fitoquímica dos metabólitos secundários das duas espécies, no Laboratório de Fitoquímica da Faculdade de Farmácia da UFPR, utilizando os extratos hidroalcoólico e aquoso obtidos a partir de folhas e ramos estabilizados e triturados de plantas coletadas na Fazenda Experimental do Cangüiri da UFPR. Foram testados no extrato hidroalcoólico: características organolépticas, % de extrato seco, alcalóides, cumarinas, flavonóides, antraquinonas, esteróides/triterpenóides, aminogrupos e leucoantocianidinas; no extrato aquoso: características organolépticas, % extrato seco, taninos, glicosídeos cianogenéticos, saponinas, antocianidinas, ácidos fixos e voláteis e aminogrupos. M. glomerata apresentou resultados positivos para: cumarinas, esteróides/triterpenóides, saponinas e ácidos voláteis; cor verde escura, odor aromático adocicado, sabor amargo, pH 6,5 e resíduo seco de 14,85% para o extrato hidroalcoólico e cor marrom escuro, odor herbáceo adocicado, sabor amargo e pH 5,0 e resíduo seco de 8,93% para o extrato aquoso. M. laevigata apresentou resultados positivos para: cumarinas, esteróides/triterpenóides, aminogrupos, taninos e saponinas; cor verde escura, odor aromático adocicado, sabor amargo, pH 6,0 e resíduo seco de 6,94% para o extrato hidroalcoólico e cor marrom escura, odor herbáceo adocicado, sabor amargo, pH 5,5 resíduo seco de 11,61% para o extrato aquoso. Para ambas as espécies, os resultados, de modo geral, coincidem com os encontrados na literatura. Com base nestes estudos, conclui-se que: é possível a utilização de M. laevigata como sucedânea de M. glomerata; na propagação via estaquia de guaco, recomenda-se área foliar de 100 cm2 e uso da casca de arroz carbonizada, sob rega manual, como substrato; não houve influência do tempo de imersão da base da estaca em água; M. glomerata apresentou menor tolerância ao frio que M. laevigata, sendo que esta apresentou produção de 501,5 g de matéria seca/planta.