O lobo-guará, Chrysocyon brachyurus (Carnivora, Canidae), possui altíssimo valor biológico, em virtude de ser considerada espécie vulnerável à extinção, principalmente pela eliminação sistemática de seu habitat. Paralelamente, em cativeiro tem-se tido dificuldade na reprodução, manutenção, bem como na criação dos filhotes nascidos, devido a deficiências no manejo e problemas de doenças. O presente estudo retrospectivo de 30 anos, relaciona as principais alterações ocorridas com 100 animais (59,41, O) entre filhotes e jovens (20 animais) e adultos (80 animais) mantidos no Zoológico de São Paulo. Como resultado obtiveram-se lII processos: gastrointestinais, 62,0%; traumáticos, 13,6%; respiratório, 8,2%; urinários, 8,2%, circulatórios, 4,5%; além de casos isolados. Os sinais clínicos mais comumente observados referiram-se aos processos gastrentéricos representados por diarréia, vômito, anorexia, e prostração. Das principais enfermidades bacterianas prevaleceram a leptospirose, salmonelose e colibacilose. Decreve-se primeiro relato de surto de parvovirose no Brasil, que levou à morte 11 dos 17 animais atingidos. Dentre os parasitos prevaleceram Ancylostoma sp, Trichuris sp e coccídeos. Salientam-se 6 casos de parasitose renal por Dioctophyme renale. Os processos traumáticos foram representados, principalmente, por infantofagia cometida pelos pais. Para lobos-guarás em cativeiro deve-se ter especial cuidado com as enfermidades do aparelho gastrointestinal, em virtude de apresentarem alterações de etiologia variada como bacterianas, virais, verminóticas, por distúrbios alimentares e em decorrência do estresse em cativeiro. Recintos adequados e com tranqüilidade, aliados a programa efetivo de medicina preventiva, são fundamentais para reprodução e manutenção da espécie.
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