O artigo discute as percepções do Federal Reserve – Fed – nos anos de formação da bolha imobiliária para avaliar se o BC norte-americano subestimou os riscos ou preferiu conviver com eles. No rescaldo das crises de 2001-2002, o Fed considerava o consumo e o mercado imobiliário forças importantes para a recuperação econômica. A partir de 2003-2004, membros do Federal Open Market Comittee – FOMC –passaram a mostrar preocupação com os riscos dos processos em curso no mercado imobiliário e com os efeitos de uma possível reversão da política monetária expansionista sobre os preços dos imóveis, mas daí não resultou a adoção de iniciativas firmes para conter o que se revelaria uma bolha especulativa de grandes proporções. A leniência do Fed pode ser atribuída à crença na resiliência do sistema financeiro diante de crises, à confiança na condução pragmática da política monetária orientada pelo risk management approach e à convicção de que um BC não deve adotar medidas especiais para conter a formação de bolhas especulativas. O artigo analisa as atas das reuniões do FOMC de 2001 a 2007 e alguns pronunciamentos dos presidentes do Fed, naqueles anos, Greenspan e Bernanke, de modo a compreender as percepções do Fed diante dos processos em curso. A análise de atas e pronunciamentos se justifica porque a comunicação com o mercado se tornara instrumento relevante para o Fed na execução da política monetária desde os anos 1990.
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