Este trabalho apresenta os resultados de nossa pesquisa de mestrado, que teve como objetivo geral avaliar as condições reprodutivas da agricultura familiar em Sangradouro, Araranguá/SC. Trata-se de uma comunidade rural localizada em vetor litorâneo. Sua constituição remonta ao início do século XX, quando famílias de agricultores forjaram o que denominamos de “tradicionalidade da comunidade”. No final do mesmo século, com as pressões modernizantes da Revolução Verde e da globalização, mudanças ocorreram no território, como êxodo rural dos jovens e introdução de atividades não agrícolas. Nossa pesquisa qualitativa buscou caracterizar as metamorfoses ocorridas, e suas implicações na territorialidade rural. Por meio de entrevistas semiestruturadas traçamos o perfil da comunidade, elegendo paralelos entre elementos de sua história e a configuração atual. Nossos resultados apontaram a constituição de um território e de territorialidades híbridos, onde se verifica nova paisagem física e social, na qual elementos característicos do urbano se associam ao rural agrário. Registramos o envelhecimento populacional e a dificuldade quanto à sucessão geracional da agricultura familiar. Identificamos que a pluriatividade e os plurirrendimentos marcam as dinâmicas familiares, especialmente pelo papel dos jovens e da política previdenciária. As terras agrícolas de Sangradouro aproximam-se da transmutação em terras de moradia e lazer.
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