Resumo O artigo busca compreender as relações entre ciências sociais, análise sociológica e planejamento da educação pública escolar no Brasil, especialmente quanto à atuação de alguns cientistas sociais – Fernando de Azevedo, Anísio Teixeira, Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro – visando à constituição e a modernização do país por meio da intervenção racional da intelectualidade na esfera estatal. Para isso, discute a noção de intelectual e a atuação de parte desse grupo social no Brasil, em diferentes momentos históricos, destacando a função social que atribuíam a si em cada contexto e a primazia que conferiam à educação formal como possibilidade de constituição de um novo país. Destaca as ações de Anísio Teixeira e Fernando de Azevedo, suas concepções acerca da sociologia e a educação, seu envolvimento com a Escola Nova e com a legislação educacional, e sua influência no pensamento e no trabalho intelectual e político de Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro. Discute a compreensão desses dois autores acerca da função social do intelectual e da sociologia, seu envolvimento com a educação pública por meio de movimentos como a Campanha pela Defesa da Escola Pública, de cargos públicos na área educacional e da atuação político-partidária, e aponta similaridades, como a defesa da obrigatoriedade da escola pública, laica e gratuita, diante da diversidade de projetos e de pontos de vista concebidos por cada um eles. Aborda, por fim, o contexto institucional recente das ciências sociais no Brasil e os limites e possibilidades que essa condição oferece ao seu envolvimento com a questão educacional.