O presente artigo visa analisar o processo de produção de textos traduzidos do português para a Língua Brasileira de Sinais (Libras) adotado no Departamento de Letras-Libras da UFRJ e compará-lo com o processo de produção de traduções editoriais entre línguas orais. Com esse fim, descreveremos uma proposta metodológica de produção de textos traduzidos registrados em vídeos. Tais traduções envolvem um texto-fonte na modalidade escrita de uma língua oral, no caso, o português, e um texto-alvo, em uma língua de sinais, no caso, a Libras, registradas em vídeo. A metodologia descreve o processo desde o princípio, com o recebimento da demanda, e se desenvolve em diversas etapas: estudo do material, decupagem, tradução, revisão, filmagem, edição, conferência, refilmagem e entrega do material traduzido. Um dos objetivos da metodologia descrita é evitar que haja registros filmados do que seria, na verdade, uma interpretação simultânea. Buscaram-se processos que resultem em uma tradução, de fato, com todas as características peculiares de tal atividade. Tal metodologia foi elaborada a partir da experiência da equipe de tradução do Departamento de Letras-Libras, situado na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, usando como base as reflexões de Stone (2009), Silvério et al. (2012), Marques e Oliveira (2012), Taveira et al. (2015), XXX (2012), Galasso et al. (2018) e Pyfers (1999). Acreditamos que o processo aqui descrito possa ser aplicado a qualquer processo tradutório que tenha como ponto de partida uma língua escrita e como alvo uma língua de sinais, sem quaisquer alterações, a não ser as necessárias para adequação aos recursos disponíveis. Como na tradução editorial envolvendo duas línguas orais também são utilizadas etapas bem definidas para a produção do livro traduzido (tradução, preparação da tradução, revisões de prova, versão final da tradução), conforme Moraes (2015) e Machado (2018), foi empregado o método comparativo para alinhar as duas metodologias, a fim de perceber em quais aspectos a tradução de textos envolvendo uma língua de sinais se distingue da tradução editorial, e em quais aspectos ambos os processos se assemelham, lançando ainda mais luz ao primeiro processo. Nas considerações finais, foi dado destaque à s funções que o tradutor desempenha em ambos os processos, incluindo uma crítica à falta de interação entre tradutor e revisores na tradução editorial.