Objetivou-se revisar o conhecimento sobre o tratamento do bagaço de cana-de-açúcar para a alimentação de ruminantes. A produção de bagaço in natura de cana-de-açúcar no Brasil é de aproximadamente 192,63 milhões de toneladas, representando uma fonte de alimento abundante para a alimentação animal. Este alimento é caracterizado como uma fonte de fibra íntegra, composto basicamente pelos componentes da parede celular (hemicelulose, celulose e lignina), sendo de baixo aproveitamento pelos ruminantes. Apesar disso, o bagaço in natura pode ser amplamente utilizado em dietas com elevada proporção de concentrado para ruminantes, compondo entre 10 e 20 % da matéria seca das dietas, sem grandes prejuízos sobre o desempenho animal. O tratamento por vapor e pressão reduz componentes da parede celular, aumentando a digestibilidade do bagaço da cana-de-açúcar. No entanto, este tratamento reduz o pH do bagaço, o que exige a utilização de tamponantes nas dietas para impedir a redução da digestibilidade da fibra. Em virtude do baixo estímulo à ruminação, o bagaço tratado por pressão e vapor deve ser utilizado juntamente com uma fonte de fibra integra o que possibilita o aumento da utilização do bagaço da cana-de-açúcar na dieta. Os tratamentos químicos com hidróxido de sódio, óxido de cálcio ou hidróxido de cálcio apresenta similar modo de ação, que culmina na redução da fibra em detergente neutro do bagaço da cana-de-açúcar. Apesar de mais eficiente, o tratamento com hidróxido de sódio é de difícil manipulação e pode gerar danos ao meio ambiente. A utilização de cales microprocessadas é de mais fácil manipulação e menos danosas ao meio ambiente. O tratamento com produtos alcalinos reduz o custo em relação ao tratamento com pressão e vapor. O tratamento com amônia anidra e uréia melhora o valor nutritivo pelo enriquecimento do bagaço com nitrogênio não proteico. Os tratamentos biológicos possibilitam a deslignificação do bagaço da cana-de-açúcar, aumentando a digestibilidade e o conteúdo proteico. Apesar disso, estes tratamentos não foram adaptados às condições de campo, o que dificulta sua utilização. O uso do bagaço da cana-de-açúcar na alimentação de ruminantes, independente do tratamento utilizado antes de seu fornecimento (físico, químico ou biológico), deve estar associado à quantidade de concentrado que possibilite a complementação dos nutrientes da dieta e o atendimento das exigências nutricionais dos animais.
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