O Brasil possui 1.801 espécies de aves e o Cerrado abriga 856 dessas espécies. Esse bioma que cobre 24% do território nacional é a maior, mais distinta, mais rica e, provavelmente mais ameaçada savana tropical do mundo, o que lhe tornou "hot spot" mundial e área prioritária para conservação da biodiversidade. A Estação Ecológica Serra das Araras (EESA) ocupa 28.700 hectares de Cerrado no sudoeste do Mato Grosso, faz parte da Província Serrana, um corredor de serras com cerca de 400 km de comprimento por 40 km de largura, o qual conecta o Cerrado à transição do bioma Amazônico e ao Pantanal. Com o objetivo de inventariar a comunidade de aves da EESA, foi percorrido um transecto de 500 m em cada uma das seguintes fitofisionomias: mata semidecídua, mata ciliar, cerradão, cerrado sentido restrito e parque cerrado. Cada transecto foi amostrado uma vez por mês, de maio de 2006 a dezembro de 2007, durantes quatro horas a partir do nascer e duas horas a partir do por do sol, totalizando 600 horas de amostragem, sendo 80 horas de dia e 40 horas de noite por transecto/hábitat. A lista de aves da ESSA possui 431 espécies de aves, incluindo treze endêmicas do Cerrado e sete nacionalmente ameaçadas de extinção. Dessas, 396 foram registradas durante o esforço amostral, 29 fora do período amostral e seis constam somente na lista de 305 espécies registradas entre 1986 e 1988. Na mata semidecídua foram registradas 150 espécies, na mata ciliar 256, no cerradão 218, no cerrado sentido restrito 206 e no parque cerrado 176 espécies de aves. Quanto à similaridade, formaram-se dois grupos, o das fitofisionomias savânicas (cerrado sentido restrito e parque cerrado) e outro das florestais (mata ciliar, cerradão e mata semidecídua). A riqueza de espécies de aves na EESA é alta quando comparada com outros estudos realizados no Cerrado e provavelmente está relacionada heterogeneidade ambiental presente nessa unidade de conservação, com relevo e vegetação variados. Além de preservar um elevado número, a presença de espécies de aves endêmicas e ameaçadas de extinção reafirmam a importância da EESA para conservação desse grupo.
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