Em dezembro de 2015, foi instituído pela Sociedade Brasileira de Física o Grupo de trabalho sobre Questões de Gênero (GTG), que se debruçou sobre dados envolvendo a participação de meninas e mulheres no universo da física. Dois momentos temporais distintos foram analisados: uma etapa na adolescência, quando as meninas participam das Olimpíadas Brasileiras de Física e uma etapa na vida profissional de pesquisadoras com carreiras consolidadas, que possuem bolsas de produtividade do CNPq. Com relação à primeira etapa, nossos estudos mostram claramente um declínio no percentual de meninas premiadas desde o 8° ano do ensino fundamental até o 3° no ensino médio, indicando um quadro associado ao que se chama efeito tesoura, presente antes mesmo da decisão por uma carreira científica. Com relação à segunda etapa, nossos dados mostram que o perfil dos pesquisadores bolsistas de física e astronomia é bastante semelhante no que concerne ao gênero, mas apenas um terço do percentual de mulheres pesquisadoras filiadas às Sociedade Brasileira de Física e Sociedade Astronômica Brasileira possuem bolsa, um quadro que permanece estático há mais de uma década.