Uma crítica ao ensino baseado em gêneros diz respeito ao seu caráter de simulacro. O gênero, quando transformado em objeto de ensino, efetivamente deixaria de funcionar como gênero em uma situação social real. Esse entendimento questiona a validade de abordagens pedagógicas explícitas, que enfocam o gênero a partir de modelos estruturais que em geral se detêm em aspectos linguísticos e organizacionais dos textos vinculados a determinados gêneros. O que se discute é como manter a noção do gênero como ação social se a sua inserção na sala de aula pressupõe sua retirada do contexto real de produção, circulação e recepção. Assim, o objetivo deste trabalho é refletir sobre como diferentes abordagens teóricas sobre gênero e, de modo especial, a perspectiva dos Estudos Retóricos de Gênero, oferecem subsídios para um ensino que não reduza o gênero a uma simples estrutura formal, mas que preserve seus aspectos funcionais, comunicativos e retóricos. A discussão é ilustrada com referências a pesquisas realizadas no âmbito do Programa de Mestrado Profissional em Letras (PROFLETRAS) que se guiaram pela busca de um enfoque que fosse significativo na sala de aula e ao mesmo tempo mantivesse a relevância do gênero em seu contexto real de ocorrência.