Resumo Apresenta-se neste artigo resultado de pesquisa sobre a organização do trabalho pedagógico na escola com foco na figura do gestor, com o objetivo de analisar as formas como um diretor e uma coordenadora pedagógica, em duas escolas, compreendem e executam seu trabalho, estabelecendo relações com os demais membros da equipe gestora, com a Secretaria da Educação, funcionários da escola, professores, pais e alunos, a partir de disposições constituidoras de habitus para a ação. Interroga-se sobre as causas das diferenças existentes na atuação dos gestores. São mobilizados os conceitos de habitus e dominação legítima. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas em duas escolas municipais da educação básica, escolhidas por serem reconhecidas como boas pela comunidade. Nas entrevistas, foram levantados dados sobre valores e crenças dos sujeitos, forjados em suas trajetórias sociais e no campo educacional. Após análise, evidenciaram-se duas formas de condução da gestão: uma pautada por racionalidade mais técnica, e outra por certo enfrentamento a essa forma de trabalho. A dominação burocrática se manifestou ora com traços de dominação tradicional, ora de dominação carismática, na relação com diferentes formas de capital. Investigar o trabalho pedagógico relacionando-o às crenças e valores dos sujeitos, e que encontram canal de expressão no campo da educação, ajuda a compreender os processos sociais que constituem a sua realidade cotidiana.