Objetivo: Explorar e analisar, através de uma perspectiva epistemológico-histórica enunciados que possibilitam o discurso métrico entre autores no âmbito de uma economia política da produção científica. Mais especificamente, aquele discurso que permite medir e estabelecer um tipo de ranking entre os autores. Propor que a noção de biobibliografia, mais que a noção geral de bibliografia, está diretamente ligada a esta conformação discursiva. A pesquisa está voltada para a autoria científica. Método: O procedimento metodológico adotado se define pela exploração teórica aplicada à literatura científica. Dar-se-á maior relevância aos enunciados produzidos no campo de saber da Biblioteconomia e Ciência da Informação (BCI), apesar de não se restringir a este. A unidade discursiva, que permite descrever, medir e classificar os autores científicos, se forma a partir da relação heterogênea entre enunciados que lidam com as noções de autor e medição. Portanto, tratamos destes enunciados enquanto acontecimentos que constroem este saber. Resultado: A exploração demonstra que as ideias de medição e de classificação entre os autores já era possível no início do século XX. No entanto, de uma perspectiva histórica podemos aferir algumas mudanças epistêmicas que influenciaram a esta prática. O caráter quantitativo está presente nos dois modelos discursivos estudados. No entanto, a formação dos objetos quantificados difere. No primeiro caso, há uma preocupação em medir a superioridade de um autor sobre o outro na superfície discursiva acerca deles, uma espécie singular de ordem moral (um ethos vertical para estabelecimento de padrões de comportamento). Em um segundo momento, que chamamos de virada epistêmica, temos que a produtividade autoral é fator de maior relevância para classificar a autoria científica. Assim, no capitalismo, a obra é convertida em produto e o autor em produtor. Conclusões: A noção da medida e de autor estão, há muito tempo, presentes no macro discurso da bibliografia, enquanto discurso de saber. No entanto, podemos afirmar que estas relações não são estáticas no tempo. O discurso biobibliográfico sustenta a prática classificadora entre sujeitos. Ele passou de polo biográfico para uma episteme da produção bibliográfica do indivíduo, atravessado por questões métricas. Se a bibliometria só é possível pela estruturação de uma prática bibliográfica, também a avaliação pelo critério de produção para sujeitos, dotados da função autor, perpassa por uma lógica biobibliográfica, podendo sustentar uma noção “bio-bibliométrica”.