A população de cidadãos de origem brasileira no Paraguai, denominada de brasiguaios, possui uma identidade cultural diferente da paraguaia. Esta comunidade, que passou a ser cada vez mais numerosa naquele país a partir da década de 1970 era estimada, em 2015, em 332.042 indivíduos. Contingente formado a partir do projeto de Marcha al Este do presidente Alfredo Stroessner, que abriu terras até então cobertas pela Mata Atlântica localizada na fronteira do Paraguai com o Brasil para colonos brasileiros (a maioria de origem europeia, proveniente da região Sul do Brasil) que passariam a desenvolver a sojicultura e aplicar práticas oriundas da Revolução Verde. Passadas mais de quatro décadas, o contingente brasileiro no Paraguai impõe sua cultura, seu idioma e alguns de seus membros possuem grande influência política e econômica no país. A presença do contingente brasileiro resulta em momentos de tensão no quotidiano político e social paraguaio, sendo que o recente golpe de Estado sofrido pelo presidente Lugo em 2012 teve participação de membros da comunidade brasiguaia. Face ao exposto o presente trabalho tem o objetivo de aferir os impactos da presença brasiguaia no Paraguai e analisar se esta configura um risco à democracia neste país. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, sob a ótica das Relações Internacionais, pautada em análise bibliográfica e enriquecida por cartografia produzida pelos autores.