A Homeopatia é especialidade médica reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina no Brasil e conta com serviços de Residência Médica. Portanto, enquanto especialidade, precisa ser inserida no ensino de alguma forma durante a graduação. O presente artigo visa relatar a experiência do ensino híbrido e interdisciplinar de Homeopatia via currículo oculto a alunos de graduação para a percepção ampliada de seu potencial não apenas em clínica e em atenção primária, mas em pesquisa, também para demonstrar a distinção entre Fitoterapia e Homeopatia. A ementa e as aulas teóricas foram apresentadas pelo sítio do Projeto Saúde Ambiental, Parasitologia, Bioética da Faculdade de Farmácia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Na parte prática, este ensino esteve associado à metodologia ativa com tarefas para resoluções de problemas locais e focais trazidos pela oportunidade de vivência intercultural, inserindo-se o emprego de soluções ultradiluídas e dinamizadas e de extratos vegetais de maneira contextualizada e histórica em nossa sociedade, a partir de estágio ambulatorial no Serviço de Homeopatia da 7ª Enfermaria do Hospital Geral Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro. Para mais além de uma função prescritora, o acolhimento e o matriciamento em um espaço de saúde para a promoção à saúde via educação em saúde, em um serviço territorializado e intersetorializado, respeitando-se o perfil plural de nossa clientela de usuários atendidos em nível ambulatorial. Como resultado qualitativo mostra os trabalhos de iniciação científica realizados para conclusão deste curso de extensão piloto e avaliados entre pares. Apresenta ainda projeto maior de sua aula prática através do cultivo de Calendula officinalis, indo desde a semeadura até a visita à farmácia para a observação da farmacotécnica de preparo pelo método hahnemanniano clássico dos múltiplos frascos. Desta maneira, discute o potencial de um projeto de iniciação científica, enquanto exemplo de metodologia ativa de ensino prático que, para sua elaboração, discussão e reflexão precisou entrar em contato com os princípios filosóficos, fisiopatológicos e semiológicos da Homeopatia em doenças crônicas, de sua história clínica e em pesquisa no Brasil, além da sensibilização ambiental no sentido da construção do conceito sobre Saúde Única e que isto envolve o desenvolvimento de competência cultural e competência ética ambiental, expressos através da criação conjunta de um jardim intercultural, uma biblioteca a céu aberto, rica em saberes, mas também em memórias afetivas de membros de Comunidades Tradicionais Étnicas e de Povos Originários que vivem em contexto urbano no Rio de Janeiro/Brasil. Por intermédio deste jardim seguem as investigações em ecofisiologia, fitoremediação e o potencial de emprego para sustentabilidade. Para concluir, este tipo de ensino que mistura metodologias ativas (sala invertida, TBL e aprendizagem baseada em projetos) apresenta-se como promissor para a aprendizagem, porém será necessário o estabelecimento futuro de uma métrica para a sua avaliação didático-pedagógica para incrementar a robustez.
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