Este trabalho visa, genericamente, o estudo da vertente cognitiva da estruturação organizacional, inserindo-se assim numa perspectiva interpretativa do estudo das organizações. Com ele propomo-nos não só a explorar a existência de uma estrutura colectiva de conhecimentos sobre organização numa dada instituição de crédito, mas também explorar as relações entre esta e o projecto de reestruturação organizacional dos seus balcões. Um estudo de caso simples exploratório (Yin, 1993, 1994) foi realizado numa instituição bancária portuguesa, e com ele construímos, a partir da agregação dos mapas cognitivo individuais dos participantes no processo de reestruturação organizacional dos balcões, um mapa colectivo. As características dominantes da estrutura deste mapa foram posteriormente comparadas com as do projecto escrito de reestruturação dos balcões. Para representar graficamente e analisar o conhecimento colectivo sobre organização, utilizámos a metodologia de mapeamento cognitivo e o instrumento Graphics COPE (Eden, 1988; Jones, 1994; Ackerman & Sweeney, 1995). Para análise das características estruturais dos balcões, utilizámos a diferenciação clássica entre estruturas de tipo estável – mecânica e de tipo orgânica – adaptável (Kast & Rosenzweig, 1985, 1992; Burns & Stalker, 1992). Os resultados evidenciam , uma lógica tradicional ou funcionalista (Burrell & Morgan, 1994), traduzindo os pressupostos subjacentes ao modelo tradicional de organização e de comportamento do homem no trabalho. A única nota discordante é o tipo de conhecimento que este b anco evidencia relativamente ao meio externo, pois este é perspectivado como sendo essencialmente instável e concorrencialmente muito agressivo, pressupostos habitualmente ausentes nos modelos de organizações e gestão tradicionais. As características organizativas do balcão, tal como constam do Projecto Atendimento, revelaram-se consonantes com estas características evidenciando ser uma estrutura tipo mecânica-estável (Kast & Rosenzweig, 1985, 1992; Burns & Stalker, 1992), aquelas que são afinal menos apropriadas para enfrentar meios instáveis e complexos. Finalizaremos reflectindo sobre a necessidade da realização de mais estudos, cujo objectivo seja não só o de estudar as relações entre as estruturas cognitivas e as estruturas organizacionais, assim como o de explorar as origens das estruturas de conhecimento.DOI: http://dx.doi.org/10.17575/rpsicol.v15i2.503