OBJETIVO: Apresentar uma revisão da literatura sobre os efeitos da separação parental na desadaptação psicológica e nos problemas de saúde física em crianças filhas de pais separados, contribuindo para a integração do conhecimento científico existente à luz do modelo biopsicossocial do impacto da separação na saúde física das crianças de Troxel e Matthews (2004). FONTES DE DADOS: Revisão da literatura utilizando as bases de dados MEDLINE e PsycInfo (1980-2007), selecionando os artigos mais representativos do tema. Foi dada especial atenção aos contributos dos investigadores de referência internacional no tema. SÍNTESE DOS DADOS: A separação pode ser responsável pela diminuição da saúde física e psicológica das crianças. Não é a separação por si própria a que desencadeia a desadaptação desenvolvimental das crianças, mas sim outros fatores de risco associados à mesma, como, por exemplo, o conflito interparental, a psicopatologia de um dos pais, a redução do nível socioeconômico, um estilo parental inconsistente, uma relação coparental paralela e conflituosa e baixos níveis de suporte social. Estes fatores de risco desencadeiam trajetórias desenvolvimentais caracterizadas por inadequada adaptação, com possível sintomatologia psicopatológica, pior rendimento acadêmico, piores níveis de saúde física, comportamentos de risco, exacerbadas respostas psicofisiológicas ao estresse e enfraquecimento do sistema imunitário. CONCLUSÕES: Existem claras ligações entre a experiência de separação parental e os problemas de saúde física e de desadaptação psicológica das crianças. A separação é um estressor que deve ser considerado pelos profissionais superiores de saúde como potencial desencadeador de respostas neuropsicobiológicas desadaptativas e responsável pelo declínio dos índices de saúde física infantil.
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