O artigo tematiza processos de educação vividos por uma comunidade judaica em Porto Alegre, tendo como foco a construção de uma escola, a ÍdichSchule. A temporalidade da pesquisa compreende, como marco inicial, o ano de 1922, data de fundação da primeira sinagoga e da escola, até o ano de 1956, quando esta passa por importantes transformações, passando a oferecer o Curso Ginasial. O corpus empírico consiste em narrativas de memória oral de pessoas longevas, a grande maioria de origem judaica, estudantes e/ou professores desta instituição educativa. São entrevistas produzidas entre as décadas de 1980 e 1990 que se encontram arquivadas em um acervo judaico, transpostas para a cultura escrita. O interesse da pesquisa reside no que foi escolhido pelos narradores como lembranças das vivências comunitárias. Por meio da análise documental, produziu-se uma inteligibilidade acerca das memórias desses sujeitos que conservam, quase que visceralmente, o apreço pela cultura escrita. De tudo o que se investigou, pode-se dizer que a construção de um lugar para estudar era tão importante quanto um lugar para rezar. É nessa interface que se constitui a ÍdichSchule, uma instituição que precisou, como muitas outras, superar as oposições para integrar-se à sociedade brasileira. Neste sentido, infere-se que havia uma intenção assimilacionista, em meio às discussões sobre a condição dos judeus na sociedade brasileira. Nas disputas, que se traduziam especialmente nos entendimentos acerca da formação dos estudantes, buscou-se uma conciliação entre aqueles que priorizavam o ensino religioso e aqueles que defendiam uma maior laicização da educação.
Read full abstract