<p>O texto comenta os conceitos de <em>não familiar </em>ou <em>estranho </em>tratados por Freud em <em>Das Unheimliche </em>(1919), associando-os ao hábito e às rupturas do hábito para especificar a diferença da sua ocorrência na experiência individual, em que é significante de uma angústia, e na ficção, em que é figuração intencional. Distinguindo a figuração do não familiar na ficção antiga e na ficção moderna, propõe que na ficção antiga, como a de Luciano de Samósata, o não familiar é classificado platônica e aristotelicamente como fantástico, e na ficção moderna, como a de Beckett, como efeito da crítica e destruição dos regimes de verdade e verossimilhança que fundam a representação.</p>