Com o ingresso da Viola Caipira na universidade, a possibilidade de um diálogo com a academia pode ser recebida como um período de análises produtivas neste universo. Entretanto, se o diálogo for conduzido apenas pelo viés acadêmico, esquecendo a essência e a história que este instrumento possui na cultura caipira, tal caminho corre um risco antagônico, isto é, a desconstrução da cultura e a representação desta mesma cultura por um viés de publicações acadêmicas. Afirmar a Viola Caipira em seu atual momento como instrumento ainda imerso em seus primórdios, ou seja, no campo, na roça, na vida do caipira, em festejos populares, como se tais manifestações ainda tivessem o mesmo sentido sociológico e filosófico, é o primeiro passo para que sua história seja eternizada como uma simples ferramenta de trabalhos acadêmicos. Este artigo tem como objetivo realizar uma crítica sobre a posição tomada por aqueles que sustentam a ideia de uma cultura da Viola Caipira, do Caipira e do Violeiro ainda imergido na essência desta mesma cultura, a saber, sem o reflexo da cultura do mercado fonográfico como primeiro passo para a representação do que seria esta cultura. Para realizar esta crítica utilizarei alguns nomes, por exemplo: Arthur Schopenhauer e sua obra Über die Universitäts-Philosophie (Sobre a Filosofia Universitária), Friedrich Nietzsche e sua primeira obra publicada Die Geburt der Tragödie (O nascimento da tragédia), entre outros textos clássicos do filósofo Theodor Adorno e do historiador Mário de Andrade. As obras destes quatro nomes têm em comum, além da originalidade, temas relacionados à cultura e à arte, assim como à cultura de mercado, à essência, às críticas à academia, entre outros.
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