Este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta de aula de literatura baseada na metodologia do ensino explícito, como forma de proporcionar um aprendizado mais efetivo para alunos do curso de Letras Estrangeiras Modernas com dificuldades de leitura e escrita, e pouca prática de leitura de textos literários. Inicialmente nossa proposta se dirige ao ensino universitário, mas o ensino explícito também pode ser adotado em todos os níveis de ensino, tendo apresentado resultados positivos para crianças, jovens e adultos, principalmente aqueles com dificuldades de aprendizado, como demonstram os trabalhos recentes de Steve Bissonnette, Clermont Gauthier e outros pesquisadores. Focada no professor, essa metodologia não depende de mudanças drásticas na escola nem de investimentos adicionais. Fundamentado nas descobertas da psicologia cognitiva, realizadas desde os anos 50 do século passado, o ensino explícito pode ser uma resposta para as limitações do aluno brasileiro no domínio da leitura, evidenciadas pelos resultados mais recentes do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), parte dos quais apresentamos neste artigo. Como forma de contextualizar nossa situação atual em matéria de ensino de literatura, traçamos também neste artigo um breve histórico da história da educação ocidental, bem como do lugar da literatura nas escolas desde a Antiguidade Clássica. Em uma segunda parte, nos dedicamos a apresentar a primeira etapa do que seria uma aula fundamentada metodologicamente no ensino explícito, qual seja, a fase de preparação, com destaque para a apropriação do conteúdo necessário (teorias do ponto de vista) e um breve roteiro da aula, com a proposta de atividades que respeitem a memória de trabalho do aprendiz. Como forma de desenvolvimento do senso crítico do aluno, também propomos relacionar o estudo do assunto da aula proposta (o conto “A casa de Astérion”, de Jorge Luis Borges, e a categoria narrativa do ponto de vista) e a noção de narrativa, da maneira como ela vem sendo difundida nas redes sociais, aproximando assim o estudo da literatura e a vivência cotidiana dos alunos.