Neste artigo, temos como objetivo analisar a experiência pedagógica de Jean Itard com o menino selvagem, refletindo sobre a presença do ideário desse médico-pedagogo na proposta contemporânea de escolarização de alunos com transtorno do espectro autista. Itard, ao contrário de outros médicos, apostou na educabilidade de Victor, supondo que suas dificuldades eram decorrentes do longo abandono vivenciado. A proposta de Itard era de caráter eminentemente educativo, tendo como premissas orientadoras que o conhecimento e as ideias advêm das sensações e que cada sentido deveria ser estimulado isoladamente. Com base na análise empreendida sobre essa experiência pedagógica, refletimos sobre a presença desse ideário na educação de alunos com autismo. Para tanto, propomos a discussão a partir de um ponto central: a primazia do método de ensino na proposta pedagógica de Itard. Na contemporaneidade, a inclusão escolar de alunos com transtorno do espectro autista impele os professores a demandar um método de ensino, que garanta como resultado a aprendizagem dos conhecimentos escolares. Atentamos para a possibilidade dessa demanda repetir o cerne da proposta de Itard, que era o método. Tendo este como foco central, as manifestações singulares poderão ser apagadas ou tomadas como um entrave a ser superado na educação desses sujeitos.