Nesse texto, investigamos os discursos que produzem uma especificidade para os conhecimentos escolares em ciências historicamente endereçados para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. Ele é parte das investigações que vimos realizando no Grupo de Estudos em História do Currículo, no âmbito do NEC/UFRJ, com recursos do CNPq, Capes e Faperj. No diálogo com Michel Foucault e historiadores que nos instigam na produção de uma História do Currículo do Presente (Reinhart Koselleck, por exemplo), mobilizamos a noção de alquimia das disciplinas escolares proposta por Thomas Popkewitz para compreender como os conhecimentos escolares em ciências vêm sendo historicamente produzidos para a EJA. Interessa-nos perceber que transformações esses conhecimentos sofrem ao serem atravessados por enunciados que produzem regularidades para essa modalidade. Investigamos: (i) documentos oficiais voltados para a modalidade de ensino no país; (ii) uma coleção didática disponibilizada pelo Ministério da Educação. Na análise, enunciados relativos a uma educação de pessoas jovens e adultas voltada para a emancipação, a formação cidadã e o trabalho, assim como aqueles voltados para as experiências de vida desses estudantes, emergem como reguladores da produção curricular aqui investigada. É nesse contexto discursivo que se produzem conhecimentos escolares em ciências que participam da produção de estudantes enunciados como trabalhadores oprimidos e que necessitam de um professor (e um ensino) que os emancipe. Em tal movimento, as contingências e complexidades da vida cotidiana vão sendo reorganizadas como objetos da lógica escolar, passando a constituir, alquimicamente, os conhecimentos escolares em ciências.
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