Resumo Neste artigo, partindo da apreensão de que a questão agrária e a superexploração da força de trabalho são determinações fundamentais da extração de valor no capitalismo dependente brasileiro, ou seja, substanciam o movimento inerente à lei geral da acumulação de capital no Brasil, traremos o debate do processo de migração temporária de trabalhadores do Vale do Jequitinhonha, Minas Gerais (MG), como uma expressão da dinâmica da acumulação do capital assentada na manutenção do monopólio da terra. Tal dinâmica impõe a expropriação, a violência e a superexploração como meios de extração de valor, numa realidade na qual o subdesenvolvimento é a única forma possível de desenvolvimento. Metodologicamente, buscamos, dialogicamente, articular discussões teóricas elaboradas por autores de referência de modo a construir uma síntese que apresente as determinações mais concretas da migração temporária no Jequitinhonha, apreendida na totalidade das relações sociais que emanam da dependência estrutural brasileira.