Introdução: A reação adversa a fármacos com eosinofilia e sintomas sistémicos (DRESS) é uma reação medicamentosa cutânea grave. Dependendo do(s) fármaco(s) envolvido(s), a sua imputabilidade pode ser confirmada por testes epicutâneos (TE). O objetivo foi avaliar o papel dos TE nos DRESS nos últimos 10 anos e comparar com o estudo prévio, 10 anos antes.
 Material e Métodos: Entre o período de 2009-2018 os doentes com o diagnóstico de DRESS realizaram TE no Serviço de Dermatologia do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra. Foram testados os principais fármacos imputáveis, assim como os iniciados posteriormente, e suspeitos de desencadear um agravamento do quadro. Os princípios ativos foram testados 1% - 10% vas (Chemotechnique diagnostics®), ou a partir de uma preparação comercial diluída a 10% vas.
 Resultados: O estudo incluiu 41 pacientes (20 homens, 21 mulheres, idade média 53 anos). Os principais fármacos envolvidos foram: alopurinol (n=15), antiepiléticos (n=14), sulfametoxazole-trimetoprim (n=4), salazopirina (n=3), diclofenac (n=2) e antirretrovirais, ezetimibe-sinvastatina e ranelato de estrôncio, 1 cada. Em 15 doentes, outros fármacos (n=18) foram suspeitos de agravar o episódio de DRESS: amoxicilina (n=8), ciprofloxacina (n=2), cefoxitina (n=2) e levofloxacina, ceftriaxone, ceftazidime, vancomicina, aciclovir e metamizol (1 de cada). Obteve-se uma positividade ao fármaco principal em 10 doentes (24,3%), todas relacionadas com antiepiléticos. Todos os doentes testados para o alopurinol obtiveram resultados negativos. A positividade para os fármacos associados a agravamento clínico foi de 67% (12/18), sem nenhuma positividade para as quinolonas.
 Conclusão: Globalmente os resultados foram similares aos obtidos no estudo anterior, no qual 18/56 (32,1%) doentes obtiveram um resultado positivo no TE, com resposta positiva maioritariamente à carbamazepina e outros anticonvulsivantes. Diferentemente do estudo prévio, onde não foram testados fármacos administrados após o início da toxidermia, mostramos que os TE têm um papel importante no diagnóstico da cossensibilização, reforçando a importância de testar todos os medicamentos tomados durante o episódio. O reconhecimento de uma cossensibilização pode prevenir um novo DRESS desencadeada por um fármaco secundário.