Abstract
O texto tem por objeto de análise a comunidade rural Matá, localizada no baixo Amazonas, Pará, a aproximadamente 55 km da cidade de Óbidos. É uma abordagem etnográfica do cotidiano dos moradores, especialmente em suas atividades na pesca, focalizando, mais precisamente, a participação das crianças. Tomamos como referência o conceito de habitus, desenvolvido por Pierre Bourdieu, para demonstrar que as atividades desenvolvidas pelas crianças e pelos jovens dessa comunidade na pesca não têm o caráter aviltante, que geralmente está associado à ideia de trabalho infantil; ao contrário, a inserção das crianças no trabalho funciona como uma estratégia de socialização e de autorreprodução, indispensável para o fortalecimento dos laços familiares, para a construção da distinção entre a fase adulta e a meninice e para a aprendizagem das técnicas de lidar com os ecossistemas dos quais fazem parte.
Highlights
Um indicativo da transformação do habitus dos agentes da comunidade pode ser percebido no fato de que todos os meninos com idade acima dos doze anos já sabem fazer redes de pesca e/ou tarrafas, instrumentos prediletos dos pescadores mais jovens, usados na labuta diária a fim de conseguir alimentação para a família
Essa autora acrescenta que há uma espécie de habitus híbrido em muitos segmentos sociais brasileiros, como, por exemplo, na região Norte, presente em todos os momentos da experiência de socialização, marcada pela circularidade de ideias, objetos e valores, que se adensa e se mistura em um processo complexo e dinâmico, em ritmos diferenciados, mas disponível para todos
Por outro lado, o problema dessa perspectiva é a inexistência de uma delimitação clara entre a exploração do trabalho infantil e o papel do trabalho enquanto aspecto cultural e elemento importante no processo de socialização das novas gerações, dimensão esta especialmente importante nas comunidades tradicionais amazônicas e na agricultura em geral
Summary
Um indicativo da transformação do habitus dos agentes da comunidade pode ser percebido no fato de que todos os meninos com idade acima dos doze anos já sabem fazer redes de pesca e/ou tarrafas, instrumentos prediletos dos pescadores mais jovens, usados na labuta diária a fim de conseguir alimentação para a família.
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